OPINIÃO: Jovens do campo

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Neivor Canton (*)

Os estudiosos e planificadores do setor primário da economia brasileira estão dedicando maior atenção a um importante estamento da população: os jovens que vivem nas comunidades rurais. Essa clientela é particularmente importante para o futuro do país. Eles asseguram o dinamismo e a renovação do vasto segmento econômico instalado no hinterland brasileiro. Eles representam a renovação, a sucessão e a perpetuação do agronegócio.

Auscultar e interagir esse público é o objetivo do Encontro de Jovens Agricultores Cooperativistas Catarinenses (Ejacc) que acontece nesses dias 14 e 15 de outubro na cidade de Cunha Porã, tendo como tema central “integrando o jovem e a família no agronegócio”. Essa é a oitava edição do Ejacc, promovido pela Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/SC), tendo como anfitriões as cooperativas Auriverde, Ceraçá e Sicoob Credial e, como patrocinadores, Senar, Realta, Sebrae, Coopercentral Aurora e Governo do Estado.
A profusão de siglas envolvidas no Ejacc reflete a crescente prioridade que as instituições estão conferindo às temáticas relacionados aos jovens rurais. De fato, esse é um público que merece atenção. Em primeiro lugar é necessário conhecer e compreender seus anelos e suas aspirações.

É imperioso reconhecer que a ação dos meios de comunicação de massa homogeneizou símbolos, signos e valores de forma que os bens culturais e o universo simbólico que influenciam os jovens urbanos são, rigorosamente, os mesmos dos jovens rurais. Estilos, tendências, preferências e manifestações da moda estão presentes nos dois públicos. O jovem urbano tem, entretanto, mais oportunidades de vivenciar essas manifestações e satisfazer suas demandas de relacionamentos sociais. O desafio é proporcionar aos jovens rurais oportunidades semelhantes e infra-estruturar as comunidades para uma vida de qualidade.

Em segundo lugar, é preciso discutir o compromisso que pesa sobre os ombros da juventude rural: a sucessão familiar nos estabelecimentos rurais e a continuidade das atividades agroeconômicas. Enquanto cresce a importância da agricultura e do agronegócio na vida nacional, a população do campo fica cada vez mais rarefeita. O fenômeno é mundial. Nos países mais desenvolvidos, os residentes no campo representam entre 2% e 4% da população total. A realidade brasileira recomenda que se empreguem todos os esforços para controlar o êxodo de jovens rurais através de políticas que promovam o desenvolvimento sustentável das comunidades.

Os números do IBGE revelam uma trajetória declinante. A população rural brasileira caiu 25% de 1990 a 2001. Em apenas três anos – de 1999 a 2001 – o número de pessoas ocupadas na agricultura foi reduzido em 1,8 milhão de pessoas, passando de 17,4 milhões para 15,5 milhões. Vivem no meio rural 16,10% dos brasileiros, ou seja, 27,2 milhões de pessoas das 169,3 milhões que formam a população total do país.

As cooperativas, consideradas as maiores catalisadoras e animadoras da vida social nos campos e nas cidades, estão empenhadas em reverter esse cenário. Programas de inclusão, treinamento, formação e reciclagem preparam os jovens para a vida associativa e os qualificam para serem os agentes econômicos do campo, substituindo os pais no comando das propriedades rurais e superando o desafio de conduzir, com sucesso, a atividade agrícola e pecuária.

(*) Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina – Ocesc

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