PECUÁRIA: Ministro garante alterações em fiscalização de frigoríficos
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As denúncias de fraude no leite não provocaram mudanças apenas na fiscalização da indústria de laticínios. Agora, as alterações serão estendidas também aos frigoríficos, uma vez que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deverá retirar das indústrias o fiscal fixo até o próximo ano e irá implantar a fiscalização com um grupo de técnicos que farão rodízio em várias unidades. A informação é do ministro Reinhold Stephanes, que em entrevista à FOLHA, admitiu que não houve febre aftosa no rebanho paranaense e que o Estado deverá estar livre dos embargos comerciais da União Européia até o primeiro trimestre do próximo ano.
Decisão há seis meses - Stephanes esteve em Londrina neste final de semana. No sábado, ele foi recepcionado durante almoço em uma propriedade da família de Alexandre Kireeff, presidente da Sociedade Rural do Paraná. O encontro, segundo Kireeff, era apenas amistoso e contou também com a participação do prefeito Nedson Micheleti (PT), de diretores da Rural e de empresários locais. De acordo com o ministro, a decisão de modificar a fiscalização em unidades industriais (laticínios e frigoríficos) foi tomada há seis meses mas, a partir das denúncias de fraude no leite, o processo foi modificado primeiramente nos laticínios.
Laboratório próprio - Agora, cada unidade processadora terá que implantar seu próprio laboratório de análises para verificar a qualidade dos produtos que entram e que passam pelo processo industrial. ''Isso é o mínimo e não é nenhuma novidade porque há indústrias, paranaenses inclusive, que fazem isso há mais de 20 anos'', comentou o ministro. Ele explicou que os padrões de qualidade e as normas de produção são editadas pelo governo federal que, posteriormente, irá auditar a produção industrial. Com as novas regras, além do laboratório próprio cada unidade terá que ter um responsável técnico, que será responsável por toda a produção industrial.
Auditorias - ''Iremos auditar o sistema deles, verificar se o responsável técnico assinou tudo ou não e retirar amostras para análises nos laboratórios oficiais para ver se confere'', observou Stephanes. Esse novo sistema, na sua avaliação, evitaria laços obscuros e até relações conflituosas entre fiscais do Mapa e a própria indústria. ''Se o fiscal fica dentro do frigorífico, no primeiro ano ele está levando carne para casa; no segundo, o frigorífico manda um carro buscar e levar; depois, ele fica amiguinho do pessoal. Isso não pode acontecer'', disse. Ele deixou claro que cada unidade terá que agir com responsabilidade perante o mercado.
Missões também fiscalizam - ''Temos que determinar responsabilidades, auditar e tomar decisões firmes quando irregularidades forem encontradas'', comentou ele. O ministro ainda lembrou que as missões européias visitam o Brasil uma vez por ano a fim de auditar o sistema nacional e que sempre é encontrada algum tipo de responsabilidade. Neste momento há uma missão européia no País, que deve ficar pelos próximos dez dias. ''Acredito que eles irão encontrar problemas, não tenho nenhuma dúvida disso, principalmente de Guia de Trânsito Animal (GTA) e de rastreabilidade mas, no restante, vão ficar satisfeitos'', avaliou. (Folha de Londrina)