POLÍTICA AGRÍCOLA: Mais Alimentos já financia aquisição de colheitadeiras

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O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, anunciou ontem, na Expointer, o início das operações de financiamento pelo programa Mais Alimentos para grupos de agricultores familiares com limite global de R$ 500 mil. A nova modalidade foi criada para incluir a aquisição de colheitadeiras na modalidade de crédito, que prevê juros anuais de 2%, três anos de carência e dez para pagamento.

Vendas - Para o vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Milton Rego, em um ano o Mais Alimentos deverá ser responsável por 10% das vendas de colheitadeiras no Brasil, o equivalente a algo entre 400 e 500 unidades por ano. "É um percentual expressivo", afirmou ele.

Operações coletivas - Segundo Cassel, os agricultores familiares podem participar das operações coletivas com a parcela não comprometida do limite de crédito individual de R$ 130 mil. O acesso aos empréstimos seguirá "desburocratizado", afirmou o ministro, lembrando que os produtores gaúchos levam em média 20 dias após a entrada do pedido no banco para receber um trator financiado pelo Mais Alimentos.

Oferta - Cassel disse ainda que diversas indústrias estão oferecendo colheitadeiras que podem ser enquadradas no programa de crédito subsidiado. A New Holland, por exemplo, levou para a Expointer um modelo de 180 cavalos de potência com preços de R$ 250 mil a R$ 290 mil no Rio Grande do Sul, mesma faixa de dois modelos Massey Ferguson fabricados pela AGCO em Santa Rosa (RS).

Tratores - No caso dos tratores, o Mais Alimentos respondeu por quase 50% das vendas no acumulado dos sete primeiros meses do ano no mercado interno, disse o vice-presidente da Anfavea. Em 2009 a participação foi superior à metade dos negócios, mas ela caiu neste ano devido à recuperação da renda entre os agricultores de maior porte.

Recursos - Nos dois primeiros anos de vigência, o programa do governo federal liberou R$ 3,8 bilhões em 85 mil contratos de financiamento, incluindo a venda de 31,4 mil tratores até 75 cavalos de potência, conforme o ministro. "A indústria de máquinas agrícolas pouco sentiu os efeitos da crise graças ao Mais Alimentos", disse Cláudio Bier, presidente do Simers, que reúne empresas do setor no Rio Grande do Sul.

Projeção - Sem considerar o enquadramento no Mais Alimentos, a Anfavea projeta vendas de 4 mil a 4,5 mil colheitadeiras no mercado interno em 2010, ante quase 3,7 mil no ano passado e pouco mais de 4,3 mil em 2008. Para os tratores, a projeção é de 50 mil unidades vendidas, ante 44,2 mil de 2009 e 42 mil do ano anterior, quando estourou a crise econômica mundial, em setembro.

PSI - Conforme Rego, o desempenho final das vendas de colheitadeiras neste ano ainda vai depender da definição sobre o futuro do programa PSI do BNDES, que financia bens de capital com juros anuais de 5,5% ao ano e expira no fim deste ano. "Se a linha for mantida como está devemos passar das 4,5 mil unidades". Segundo o executivo, o setor está esperando para conversar sobre o assunto com os interlocutores do governo que será eleito em outubro.

Vendas - De janeiro a julho as vendas de tratores no mercado interno cresceram 54,4% em comparação com o mesmo período de 2009, para 34,3 mil unidades, de acordo com a Anfavea. Na comparação com os sete primeiros meses de 2008, antes da crise global, a alta foi de 46,5%. No caso das colheitadeiras foram vendidas 2,3 mil unidades, 59,4% a mais do que em idêntico intervalo do ano passado e igual ao volume comercializado de janeiro a julho de 2008. (Valor Econômico)

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