RAMO EDUCACIONAL I: Unidos por uma educação melhor
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Em 1998, a Escola Regina Mundi, no município de Dois Vizinhos (Sul), corria o risco de fechar as portas. O problema de administração resultou em falta de verba para investimentos na educação. Os quase 200 alunos teriam que procurar outra instituição e os 75 funcionários seriam demitidos. O problema é que na cidade havia apenas mais uma escola particular, além das opções de colégios municipais e estaduais. Ou seja, iria faltar vaga em escola e emprego para muita gente.
Pesquisa - Foi quando um grupo de pais, professores e funcionários resolveu buscar por mais informações sobre o sistema de cooperativa. Eles viajaram para Foz do Iguaçu (Oeste) para conhecer uma instituição que já atuava nesse molde. A pesquisa deu certo e o grupo encarou o desafio. Depois de 12 anos, a Cooperativa de Educação e Cultura Regina Mundi mais que dobrou o número de alunos. Muitos jovens que já concluíram o Ensino Médio conseguiram boas colocações em vestibulares de diferentes cidades do Paraná.
Gestão compartilhada - Um dos cooperados é o servidor público Hilário Bedra. Os quatro filhos estudam na cooperativa. Por isso, Bedra participa de forma ativa das reuniões e assembleias realizadas na escola. A gestão compartilhada entre pais, professores e funcionários faz com que todos possam contribuir e opinar sobre questões pedagógicas, administrativas e estruturais da instituição. ''A cooperativa também é minha. Todos os assuntos passam por homologação na assembleia'', explica.
Mensalidade - A mensalidade cobrada dos pais é, em média, 20% mais barata se comparada com outras escolas particulares. Todo o valor arrecadado serve para o pagamento dos gastos. O que sobra é revertido em benefício para os alunos. Mas todo esse trabalho é fruto de dedicação não só dos professores, mas principalmente dos pais. ''No feriado do dia 21 de abril teve reunião na escola, às 18 horas, para planejarmos ações estratégicas. É pelo bem dos nossos filhos, então vale a pena'', opina Bedra.
Funcionários - Os funcionários que na época trabalhavam no local também saíram ganhando. A maior parte deles optou por continuar na instituição após a mudança. Muitos estão até hoje, como é o caso da professora Cleozeni Perin, uma das responsáveis pela alfabetização dos alunos. Antes da instituição se transformar em cooperativa, ela conta que a crise afetava também a vida dos funcionários. ''Não havia estabilidade financeira para ninguém'', afirma. ''Hoje é mais seguro. Existe o reajuste anual de salário e outros auxílios''.
Liberdade de expressão - A vida profissional de Cleozeni também mudou. Ela conta que hoje existe maior liberdade de expressão para o professor. Isso reflete em aulas mais produtivas. ''Se quero fazer um novo estudo ou trabalho, converso com a coordenação. É tudo mais tranquilo. Melhorou muito. O trabalho foi se mostrando produtivo a cada dia. A própria comunidade reconheceu isso e quando chega uma criança nova na cidade, indicam para vir estudar em nossa escola'', conta.
Futuro - Segundo a diretora da instituição, Ivanete Perondi Bachi, 90% dos pais participam das reuniões e ajudam a decidir o futuro da instituição. ''Eles são sócios, fazem críticas e auxiliam no processo de educação dos próprios filhos. A autonomia dos associados é maior, enquanto que a burocracia para mudar algo é bem menor''. Além do valor mais baixo na mensalidade, os pais conseguem estar mais presentes na escola e exercem, de forma eficaz, importante papel na decisão do futuro da instituição e dos filhos. (Folha de Londrina)