RENDA AGRÍCOLA : Preços internos dos grãos reagem e amenizam o impacto da crise
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A recente alta nos preços dos grãos no Paraná e a valorização do dólar frente ao real compensam parte das perdas provocadas pela seca e pela crise internacional, calculam corretores e analistas. As cotações em Chicago estão bem menores que os recordes de 2008, mas por aqui alcançam os mesmos patamares desta época do ano passado. O quadro favorável aos negócios abre a temporada de venda da safra de verão, que começa nesta semana e vai até março.
Soja e milho - A soja e o milho subiram, lado a lado, 20% no último mês no estado, chegando a R$ 48 e a R$ 18 a saca de 60 kg, respectivamente. Na comparação com as cotações médias de fevereiro de 2008, a oleaginosa teve aumento de 10% e o cereal, queda de 10% - o milho estava valorizado há um ano porque os estoques internacionais eram baixos e a demanda parecia crescente. Em Chicago, soja e milho tiveram baixas. "A soja caiu de US$ 16,6 o bushel para os atuais US$ 9,5 a US$ 10,5, mas ainda está acima da média histórica de US$ 6. O milho caiu de US$ 8/bushel para os atuais US$ 3,6 a US$ 4,2, também acima da média de US$ 2,5", compara o economista Eugênio Stefanelo, técnico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Custos de produção - Não fosse o aumento nos custos em 2008, a renda da lavoura em real seria maior que a da safra passada, mesmo com crise internacional. "Os preços atuais não significam necessariamente rentabilidade", pondera o corretor Steve Cachia, da Cerealpar. Os produtores gastaram em média 30% mais, segundo as cooperativas do Paraná. A margem justa, afirma Cachia, aumenta a importância de o produtor participar do mercado. Em sua avaliação, os relatórios sobre a safra Argentina vão puxar os preços da soja, para cima ou para baixo. "Ainda há chance de recuperação das lavouras argentinas e, se isso acontecer, as linhas mudam de direção", diz o corretor." Houve chuva no país vizinho na última semana e há previsão de mais precipitações a partir de desta terça-feira (3/02).
Precificado - No milho, o impacto da seca no Brasil já teria sido precificado. Os altos estoques impediram que as cotações subissem tanto quanto as da soja, avalia a analista Daniele Siqueira, da AgRural. Na virada de 2008 para 2009, os estoques brasileiros estavam em 11,9 milhões de toneladas, 3,6 vezes o volume da passagem de ano anterior. Mas o cenário não é tão estável. "Estamos com preços até superiores aos do ano passado não só pela quebra da produção. Temos colchão (estoque) e o dólar manteve-se acima de R$ 2,30", frisa.
Tendência - A tendência baixista do milho é reforçada pelas informações de que a área da safrinha pode ficar acima da média histórica, apesar dos estoques, aponta Carlos Alexandre Gallas, da Intertrading. Os produtores estariam se esforçando para compensar perdas da safra de verão e, como os custos caíram nos últimos meses, têm mais condições de colocar esse plano em prática.
Motivos - As cotações dos grãos em dólar eram maiores um ano atrás, já as internas não. Entenda os motivos:
* Câmbio - Com o dólar valorizado, as cotações de Chicago valem mais para o produtor que recebe em real.
* Sustentação - Apesar da queda, os preços seguem acima das médias históricas, mesmo em dólar.
* Prejuízo - Mesmo assim, o produtor pode ter gastado mais do que vai receber, porque os custos subiram cerca de 30%.
* Vendas - Os analistas dizem que esta é uma boa hora para negociar parte da produção, porque a tendência é de queda no milho e oscilação na soja. (Caminhos do Campo/Gazeta do Povo)