RENDA: Margens sob pressão na safra 2008/09

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Os preços das principais commodities agrícolas não estão mais no teto atingido em junho, mas mantêm-se bastante acima do registrado no mesmo período de 2007. Esse cenário não deverá garantir boas margens para os produtores brasileiros, segundo estudo da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

Insumos - Culpa, principalmente, do aumento dos custos dos insumos, aponta o estudo. O trigo que será colhido neste segundo semestre, por exemplo, terá um custo total de produção superior a R$ 38 por saca, enquanto o preço médio ao produtor projetado pelo levantamento deverá ficar entre R$ 30 e R$ 36. No caso do milho, o custo total estimado para a safra 2008/09 ficará em torno de R$ 19 por saca. O preço da saca deverá ficar entre os mesmos R$ 19 e R$ 22,50.

Custo de produção - As margens apertadas, mesmo em um momento de preços altos se comparados com suas médias históricas, têm relação direta com o encarecimento dos fertilizantes, diz Cassiano Bragagnolo, analista técnico e econômico da Ocepar. O peso dos fertilizantes no custo de produção de trigo no Paraná (base Londrina), que foi de 18% há cinco anos, passou a 27% em 2008. No milho, a carga dos fertilizantes quase dobrou entre as safras 2002/03 e 2008/09, passando de 17% para 32% - essa fatia foi de 22% na safra 2007/08.

Vilão - "No geral, os custos todos aumentaram, mas o grande vilão é mesmo o fertilizante", diz Bragagnolo. Segundo a Ocepar, os custos totais cresceram 26,8% no trigo, 21,1% na soja e 24,8% no milho entre maio de 2007 e maio deste ano. No mesmo intervalo, o reajuste dos fertilizantes foi superior a 100%. Para a soja, a projeção é de rentabilidade positiva. O custo total deverá ficar próximo de R$ 35 por saca, e o preço projetado, de R$ 32 a R$ 52. Ainda assim, a rentabilidade poderá ser menor que a obtida na safra 2007/08.

Paraná - O estudo da Ocepar mostra o cenário para o mercado paranaense, mas serve como base para um paralelo com outros pólos de produção de grãos. "No trigo, o preço da saca poderá até ficar abaixo do preço mínimo de R$ 28,80 em algumas regiões do Rio Grande do Sul", diz Bragagnolo. Para os produtores de soja do Mato Grosso, que enfrentam custos adicionais com logística, a rentabilidade poderá também ser mais apertada. "Em algumas regiões do Mato Grosso, que tem custos mais altos, a soja tende a empatar custo e valor recebido", afirma. Um desdobramento danoso do encarecimento do fertilizante é sua utilização em menor escala, prática que já tem sido relatada aos técnicos da Ocepar. "Este é um momento de preços altos e demanda firme, mas, com menos fertilizantes, a produtividade tende a cair. O produtor pode não se beneficiar desse cenário", avalia. (Valor Econômico)

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