RESÍDUOS II: Baixo aproveitamento gera prejuízos de R$ 8 bilhões
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O aspecto econômico tem peso importante na regulamentação da lei de resíduos. O governo leva em conta, por exemplo, o recente estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que calculou em R$ 8 bilhões anuais o prejuízo do país por enterrar o lixo reciclável. De acordo com dados da organização Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), o Brasil recicla hoje apenas 13% dos resíduos que gera, sendo expressivo o potencial de crescimento e de negócios.
Instrumentos econômicos - O relatório apresentou instrumentos econômicos para remunerar catadores mediante pagamento por serviços ambientais e para tornar o mercado da reciclagem mais sólido, menos vulnerável a crises econômicas e preços de commodities. "Sob o ponto de vista ambiental, o governo também deve considerar o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, que prevê o aumento da reciclagem para 20% do lixo gerado, até 2015", sugere Victor Bicca, presidente do Cempre e diretor da Coca-Cola Brasil.
Expectativa - "Como tivemos uma longa discussão para aprovar a lei, agora a regulamentação será rápida", prevê Carlos Silva Filho, diretor da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). A prioridade, diz Silva, é a transformação das condições atuais dos resíduos para a realidade determinada por lei, definindo quem pagará a conta.
Lixo urbano - Entre 2008 e 2009, a quantidade de lixo urbano cresceu 8% no país. No ano passado, 7 milhões de toneladas sequer foram recolhidas pelas prefeituras, indo parar em rios e terrenos baldios, segundo dados da Abrelpe. Da quantidade coletada, 43% tiveram destino inadequado, como áreas a céu aberto. "Sem recursos financeiros, as prefeituras não terão como fazer coleta seletiva e acabar com lixões em quatro anos, como determina a Política Nacional", adverte Silva. Ele diz que a iniciativa privada precisa de segurança jurídica e financeira e que, apesar da prioridade conferida às cooperativas de catadores, novos espaços se abrem no mercado: "as empresas de limpeza urbana se modernizam e diversificam atividades para também prestar serviço na separação e reciclagem". (Valor Econômico)