RETROSPECTIVA 2006: Cooperativas fecham o ano com faturamento de R$ 16,5 bilhões
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Mesmo num ano de crise, devido a diversos fatores conjunturais
A posição desfavorável do câmbio, com o real ainda supervalorizado frente à moeda americana, problemas climáticos, como a falta de chuvas no início do plantio de verão e geadas fortes, em algumas regiões, que atingiram a produtividade da safra de inverno, foram decisivos para que o sistema cooperativista mantivesse o mesmo faturamento do ano anterior, ou seja, R$ 16,5 bilhões. A quebra das safras de verão de 2005 e de 2006, somada a da safra de inverno de 2006, foram responsáveis por uma perda de 13 milhões de toneladas de grãos, equivalente a R$ 4 bilhões de reais. Para o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, a crise exigiu das cooperativas brasileiras e, em especial da Ocepar, um trabalho constante na busca de alternativas para o endividamento rural e a viabilidade na venda das safras. “Na defesa dos interesses das cooperativas e de seus associados, o Sistema Ocepar, juntamente com outras entidades, trabalhou por soluções para o grave problema“. Segundo Koslovski, as negociações junto ao governo, desde janeiro de 2006, permitiram aos cooperados a prorrogação do pagamento da parcela das dívidas de crédito rural da safra 2004/05, que venceram em 2005 e parte das dívidas de custeio da safra 2005/06. Também foi permitida a renegociação da parcela das dívidas de investimento que venceu em 2006. O governo permitiu, ainda, o refinanciamento das parcelas das dívidas do Plano Especial de Saneamento de Ativos – PESA, da Securitização e do Programa de Revitalização das Cooperativas Agropecuárias - Recoop vencidas em 2005 e vencidas e/ou vincendas em 2006. “Para os produtores rurais que tinham dívidas junto aos fornecedores de insumos, o governo criou uma linha de crédito para que os mesmos renegociassem seus débitos para pagamento em até cinco anos”, relata. “Mas, a incerteza somente desaparecerá quando o governo implementar as medidas estruturantes reivindicadas pelos produtores brasileiros”, prossegue. De acordo com o dirigente, o presidente Lula, pessoalmente, atendeu parte das reivindicações do setor, depois de reunião que aconteceu em agosto deste ano, na cidade de Foz do Iguaçu, quando foram apresentados, por lideranças da Ocepar, OCB e cooperativas do Paraná, os principais pleitos dos diversos ramos cooperativistas. “Daquela pauta, muitas reivindicações foram atendidas de forma plena ou parcial e outras estão sendo negociadas. No Congresso Nacional, o trabalho de negociação foi intenso e o apoio dos 235 parlamentares que compõem a Frente Parlamentar Cooperativista (Frencoop) mostrou-se imprescindível para que fossem solucionadas inúmeras questões e pendências”. Avanços Mas, apesar de alguns percalços, o trabalho e a dedicação dos 2,1 milhões de paranaenses que integram o cooperativismo em nosso Estado, trouxeram importantes avanços em diversas áreas, com benefícios diretos aos cooperados, familiares, colaboradores e a sociedade. Hoje existem no Paraná 235 cooperativas que agregam mais de 410 mil cooperados, com uma movimentação econômica que representa 16,5% do Produto Interno Bruto do Paraná. O cooperativismo gera mais de 783 mil postos de trabalho. “Os investimentos realizados pelas cooperativas em 2006 atingiram R$ 790 milhões, dos quais 80% voltados ao processo de agroindustrialização e 20% em infra-estrutura. Na área de treinamento e capacitação, através do Sescoop/PR - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Estado do Paraná -, braço importante do sistema na formação, monitoramento e promoção social, foram realizados 2.372 eventos com mais de 103 mil participantes. “Cooperados, familiares, dirigentes e colaboradores receberam algum tipo de curso, treinamento ou orientação de aperfeiçoamento profissional”, lembra o presidente da Ocepar, destacando que não se trata apenas de formação técnica, mas de valorização pessoal. Para 2007, Koslovski prevê que essas ações serão ampliadas. Segundo o dirigente, o setor prevê um crescimento de aproximadamente 10% em suas receitas. As exportações serão ampliadas, podendo chegar em 15% do faturamento, para isso as cooperativas pretendem investir cerca de R$ 800 milhões em 2007, maior parte em agroindústrias e infra-estrutura. Em relação as ações do Sescoop-PR, Koslovski informa que também serão intensificados os trabalhos de preparação dos cooperados, familiares e colaboradores, com a realização de um maior número de eventos e de pessoas treinadas. Contornando a crise Os resultados do PIB da agropecuária não são diferentes. A queda neste ano deve fechar em cerca de 3% em relação a 2005. O PIB da agropecuária em 2004 foi de R$ 169,65 bilhões; em 2005 foi de R$ 153,04 bilhões e a última estimativa para 2006 é de R$ 148,32 bilhões. O ritmo de crescimento das exportações do agronegócio, embora positivo, é inferior ao crescimento das exportações globais do país, sendo que a participação do setor nas exportações brasileiras caiu de 37,2% em 2005 para 36,1% em 2006. As reduções da participação da agropecuária e do agronegócio na economia brasileira se devem, em grande parte, à valorização do real frente ao dólar americano, à queda dos preços no mercado internacional e no mercado interno e à quebra de safra ocorrida nas duas últimas temporadas. Se somarmos a quebra da safra 2004/2005 (18 milhões de toneladas) com a 2005/2006 (5 milhões de toneladas), o setor acumula uma redução de mais de 23 milhões de toneladas, o que equivale quase a uma safra de grãos do Paraná. O presidente da Ocepar cita avanços viabilizados em 2006, como as mudanças tributárias, especialmente para o algodão, produtos da cesta básica e créditos de ICMS nos insumos utilizados no transporte. Também o trabalho conjunto com os órgãos ambientais, na discussão de medidas relacionadas a questões florestais e de controle da emissão de particulados pelos secadores e máquinas de limpeza. “As ações coordenadas pela Ocepar têm procurado, a todo o momento, o equilíbrio das ações e o desenvolvimento sustentável das atividades”, enfatiza Koslovski. Outros ramos do cooperativismo também marcaram presença e registraram uma participação importante na promoção econômica e social do Estado. Os recursos administrados pelas 67 cooperativas de crédito (rurais e urbanas), por exemplo, ultrapassaram R$ 1,5 bilhão, atingindo mais de 270 mil cooperados. Não diferente foi o expressivo trabalho realizado pelas cooperativas da área da saúde, que atenderam em todo Estado mais de 1 milhão de usuários, através do trabalho realizado por mais de 11 mil profissionais cooperados a este ramo. Cooperativas de infra-estrutura, educacional, trabalho, consumo, produção, transporte, mineral e turismo e lazer, empresas genuinamente paranaenses, que dinamizam toda a economia local e regional. Fortes aliadas no desenvolvimento do Paraná, gerando emprego, distribuindo renda e promovendo o bem-estar das pessoas. |
Clique aqui para ouvir a entrevista (áudio em formato MP3) com o Presidente da Ocepar tratando do tema "Retrospectiva 2006"