SAFRA: O campo não pára

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Faça chuva ou faça sol, a safra de grãos anda a passos largos no Paraná. A mesma umidade que tumultua a colheita do milho, ajuda no enchimento dos grãos nas lavouras de soja. Com plantações em todos os estágios de desenvolvimento, produtores e cooperativas vivem um clima de expectativa e agitação. A Expedição Caminhos do Campo/Gazeta do Povo constatou que a previsão de safra recorde e os preços valorizados deixam o campo num verdadeiro estado de efervescência. Dividida em dois grupos, na semana passada a equipe de técnicos e jornalistas percorreu mais de 2 mil quilômetos nas regiões de Ponta Grossa, Londrina, Pato Branco e Guarapuava.

Trabalho 24 horas por dia - O colorido do campo vai do verde das plantas pequenas, que mal cobrem a terra, ao amarelo ouro das lavouras secas, prontas para a colheita. Nas áreas onde não choveu (existem talhões secos e encharcados numa mesma propriedade), as colheitadeiras trabalham inclusive durante a noite. Onde o clima permitir, a tendência é que as máquinas funcionem 24 horas por dia, para que o plantio de feijão, milho e soja de segunda safra possam avançar.

Feijão - "Onde conseguimos colher o milho, já plantamos o feijão. A chuva atrasou um pouco a colheita, mas vai elevar a produção da soja em 20%", afirma o produtor Juliano Zanoni, de Ventania, entre os Campos Gerais e o Norte Pioneiro. No seu caso, 20% são 600 quilos a mais por hectare. Zanoni vê potencial para médias pouco acima da safra passada na soja (3,2 t/ha) e até 10% melhores no milho (11,5 t/ha).

Recuperação - O desafio é recuperar o atraso que vem lá de setembro e outubro, quando o plantio da safra de verão teve de ser iniciado até um mês mais tarde por causa da seca. Na época, os produtores já previam tumulto na colheita. E o alongamento do ciclo das plantas de verão, por causa das chuvas de janeiro, ajudou a fazer com que essa previsão se confirmasse. Agora, será necessário interromper a colheita do cereal para dar conta da soja, que não pode ficar no campo por muito tempo. Como o milho, apesar de menos sensível, também não pode esperar, todos querem evitar que a safra vá muito além de abril. É nesse quadro de indefinição que está sendo planejado o plantio de inverno. Quem não plantar milho safrinha - para não expor a lavoura às geadas -, deverá optar pelo trigo. Na região de Guarapuava, a colheita da safra de verão vai se alongar até início de maio.

Pragas e doenças - Mas os problemas da safra de verão não estão apenas no cronograma. Pragas e doenças já reduzem a produtividade dos grãos, como a incidência da esclerotínia. "Tivemos uma grande área afetada e, à medida que a colheita avança, nos damos conta do estrago. Existem casos de perda de 300 quilos de soja por hectare", lamenta o agrônomo José Maurício Zanon, da Castrolanda, em Castro. Ainda assim, a previsão da cooperativa é de produtividade 5% maior, com 3,3 t/ha de soja e 9,5 t/ha de milho em média. Nas regiões Centro-Sul e Sudoeste, o fungo também afeta o rendimento das lavouras. Nas plantações de milho, é a lagarta do cartucho que tira o sono e aumenta o custo de produção. (Gazeta do Povo / Caminhos do Campo)

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