SÃO PAULO: Carne brasileira ainda enfrenta embargo de 57 países
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Exatamente um ano após a confirmação da ocorrência dos focos de febre aftosa no município de Eldorado (RS), o Brasil ainda sofre a restrição nas importações de carnes por parte de 57 países, entre os quais os 25 membros da União Européia (UE). A maior parte desses importadores não relaxou as restrições. A Rússia, maior comprador da carne brasileira, só voltou a comprar carne do Rio Grande do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Goiás. A UE mantém embargos contra São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul e já deu a entender que não voltará a comprar carne desses Estados tão cedo. Embora as vendas de carne bovina tenham crescido em receita e volume neste ano, é consenso entre produtores e indústria que o resultado teria sido muito melhor sem a aftosa. ‘‘Houve retrocesso nas negociações com países importantes, como os Estados Unidos, para onde se pretendia exportar carne in natura’’, afirma Geide Figueiredo, da FNP Consultoria. Os Estados Unidos são os maiores compradores de carne industrializada do Brasil, mas não compram carne in natura.
Abiec - Projeção da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) indica que a receita das exportações do produto deverá crescer 14,35% para US$ 3,6 bilhões neste ano, ante US$ 3,148 bilhões em 2005. Entre 2004 e 2005, o crescimento da receita foi bem maior: 26%. ‘‘Os embargos frearam o crescimento das exportações brasileiras’’, afirma Figueiredo. Ele observa que, sob certa perspectiva, o Brasil teve ‘‘sorte’’ porque a aftosa ocorreu no momento em que os principais concorrentes restringiam suas exportações e havia forte demanda pelo produto no mercado internacional. Os Estados Unidos enfrentam embargos por causa de dois casos de vaca louca, a Argentina restringiu as exportações para controlar a inflação e a Austrália teve forte redução do rebanho bovino provocada pela estiagem. Uruguai e Paraguai não têm oferta suficiente para abastecer o mercado. A falta de fornecedores fez subir os preços da carne bovina, o que se traduziu em crescimento de 17,58% na receita das exportações brasileiras de janeiro a setembro, para US$ 2,79 bilhões, segundo a Abiec. Aos poucos, alguns países têm flexibilizado o embargo, como é o caso da Rússia. Em abril, o governo russo autorizou as importações de carne bovina do Rio Grande do Sul, em agosto foi a vez de Mato Grosso e, no último dia 5, liberou as compras de São Paulo e Goiás. (Folha de Londrina)