SOJA E MILHO: Stefanello aponta cenário muito positivo
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Com a finalidade apontar os possíveis cenários para este ano de 2007 para o setor agrícola, tanto em aspectos climáticos como de mercado é que o Sistema Ocepar promove em seu estande no Show Rural Coopavel uma série de palestras com o ex-secretário da Agricultura do Paraná e ex-presidente da Conab e professor universitário, Eugênio Stefanello, que aborda sobre os aspectos conjunturais para as safras de milho e soja.
Segundo Stefanello, o cenário vivido pelos produtores nos dois últimos anos, com safras ruins em função do clima e conjuntura para o soja, milho e trigo com certeza ficará para trás. “Neste ano nós observamos uma situação inversa, afinal, nos mercados competitivo quem forma preço são as forças de oferta e demanda, que sinalizam, para o milho e para o trigo, uma recuperação de preços”.
Milho no mundo - No caso específico do milho a produção mundial reduziu para 687 milhões toneladas, inferior ao consumo, que cresceu 3,5% do ano passado para este ano, atingindo 726 milhões de toneladas. Este aumento do consumo se deve, principalmente, ao aumento da demanda deste cereal nos Estados Unidos para produção de etanol, onde serão consumidos 80 milhões de toneladas de milho para produção deste combustível alternativo. “Este cenário abrirá espaço para que os produtores brasileiros aumentem as exportações do produto. No ano passado foram exportados 3,9 milhões toneladas e neste ano poderemos chegar a 5 a 7 milhões de toneladas, impulsionando a nossa balança comercial”. Segundo o especialista, com uma produção menor do que o consumo no milho, o estoque final de passagem reduzirá para o menor nível dos últimos 10 anos, ou seja, 86 milhões de toneladas, isto representa uma relação estoque/consumo, de apenas 12%. “É este fundamento que sinaliza a elevação das cotações do cereal na Bolsa de Chicago de US$ 2,2 a US$ 2,3 o bushel para US$ 3,5 a US$ 4,00 por bushel (um bushel de milho = 25,4 quilos).
Brasil - No caso específico do Brasil, as previsões da Conab indicam uma produção de milho, no segundo levantamento efetuado, de uma produção de 45 milhões de toneladas, sendo que 34 milhões na safra e pelo menos 11 milhões na safrinha. Stefanello a atual safra está “mais ou menos tranqüila com relação aos aspectos climáticos e, portanto, podemos garantir essa produção de milho. Na segunda safra (safrinha) a Conab previa um aumento de área plantada de 6%, mas deve ser maior e o segundo levantamento irá mostrar isso, atingindo em torno de 10%, o que indica um aumento na produção de 11 para 12,5 milhões de toneladas, garantindo uma boa safra de milho para o Brasil neste ano, entre 45 a 47 milhões de toneladas. Só não acontecerá isso se houver problemas climáticos na segunda safra o que não indica até o momento”, frisa.
Cenário favorável - Esse bom desempenho do setor aponta para um ano tranqüilo para o milho e que traz também tranqulidade para a suinocultura e avicultura que estão em processo de recuperação, depois do baque das notícias da gripe aviária e da febre aftosa. “Estes dois cenários, aumento do consumo interno e necessidade de exportações indicam uma maior tranqüilidade para os produtores de milho neste ano”, frisa. Devido a isso, no mercado interno o preço deve ficar na paridade da exportação e se tomarmos como base os preços praticados pela Bolsa de Chicago indicam um preço posto em Paranaguá entre R$ 20,00 a R$ 22,00 a saca e no interior de R$ 16,50 e R$ 18,00 a saca dependendo da região até R$ 19,00 mais próximo de Ponta Grossa, o que, segundo Stefanello cobre o custo de produção que está em torno de R$ 11,00 a R$ 12,00 o custo variável e R$ 12,00 a R$ 15,00 o custo operacional. “O que permitirá uma rentabilidade positiva ao produtor de milho durante a comercialização desta safra 2006/2007. É óbvio que no forte da colheita da segunda safra o preço tenderá reduzir um pouco, devido à oferta e demanda, uma vez que o Paraná deverá produzir alto em torno de 11,5 a 12,5 milhões de toneladas de milho o que é muito superior ao consumo do Estado, razão pelo qual o credencia como maior exportador, não só para outros Estados como para o exterior”, afirma Eugênio Stefanello. Para ele, nesse aspecto, “as cooperativas tem um papel fundamental nesta estabilização de preços ao produtor, afinal elas viabilizam as exportações e com a ampliação do mercado externo, mesmo com o câmbio baixo oportuniza a colocação do produto lá fora e garante preço”, ressalta Stefanello.
Soja - No caso específico da soja, Stefanello projeta um cenário um pouco diferente no aspecto de oferta e demanda. Os dados apresentados por ele apontam para uma produção mundial de 227 milhões de toneladas, e o consumo do produto deverá ficar em torno de 223 milhões de toneladas, portanto, teremos uma produção mundial superior ao consumo e isto amplia o estoque final de passagem para 56 milhões de toneladas, uma das maiores relações de estoque/consumo dos últimos anos, chegando a 25%. Isto mostra que os fundamentos de oferta e demanda não estão explicando a atual elevação da cotação da soja na Bolsa de Chicago, que passou do patamar histórico dos últimos 25 anos, inclusive maior que em 2005 e 2006, da média de US$ 6,00 o bushel para US$ 6,5 até US$ 7,80 por bushel (um bushel de soja = 27,216 quilos). Para ele, isto se explica por dois fatores: primeiro uma expectativa de redução da área plantada na próxima safra nos Estados Unidos 2007/2008, por conta de uma ampliação da área plantada de milho de 10% para atender o consumo de etanol. Em segundo lugar a especulação dos fundos de pensão que estão comprando papéis lastreados em soja.
Elevação dos preços - Além deste aspecto especulativo dos fundos, Stefanello afirma que existe aí um componente psicológico que há uma relação preço de soja e do milho, e como o preço do milho e do trigo subiram em decorrência da oferta menor que a demanda, no caso da soja também se elevou acompanhando o preço daquelas duas commodities. No Brasil a produção de soja deverá ficar em torno de 55 milhões de toneladas e devido as boas condições climáticas poderá ser ampliada para 56 milhões de toneladas. Parte desta produção, 30 milhões de toneladas será destinada para o esmagamento, produção de óleo e farelo e 25 milhões de toneladas para exportação de grãos, portanto, a produção brasileira será absorvida pelo esmagamento e pela exportação do grão, fundamentalmente.
Cotações - Com a cotação da soja na Bolsa de Chicago entre US$ 6,5 e US$ 7,8 o bushel, esta cotação do posto de Paranaguá, em torno de US$ 265,00 a tonelada, ou aproximadamente RS 34,00 por saca. Essa cotação é que gera, considerando o frete até o interior do Estado, um preço ao produtor entre R$ 29,00 a R$ 32,00, dependendo a região. Segundo Stefanello cobre o custo de produção dos produtores que está em torno de R$ 17,00 a R$ 18,00 a saca o custo variável e entre R$ 20,50 à R$ 22,50 o custo operacional, o que garante uma boa rentabildade.
Venda parcelada - Finalizando, Eugênio Stefanello orienta aos produtores de que, diante desta mudança de patamar de expectativa, onde saíram de uma seqüência de safras frustradas, que façam as vendas desses produtos de forma parcelada. “Esperar o bom momento de elevação de preço e vender parte da produção para que ele possa fazer uma média de preço, porque aquele conselho de vender no pico é fácil de dizer, mas difícil de ocorrer na prática, afinal a gente somente sabe o pico quando ele passou. Por isso a orientação de vender aos poucos. Além de aproveitar esta boa maré para pagar as parcelas das dividas que estão vencendo e recompor seu fluxo de caixa para depender menos do crédito, antes de começar a pensar em expansão de área. E em terceiro lugar é crucial de forma geral utilizar o mercado futuro, mercado de opções, travando preços , correndo menos riscos e sair daquela comercialização via balcão. Hoje todas as cooperativas realizam isso com competência e assim reduzir os riscos. Precisamos nos acostumar a esses mecanismos de apoio a comercialização, todos ganham. E por último que o produtor tenha uma ação coletiva, para melhor comprar insumos e vender sua produção, fortalecer suas cooperativas para que ele consiga de forma unida aumentar seu poder de barganha e conseguir melhores condições de rentabilidade”, observou.