SOJA II: Preço em alta ajuda Paraná a limpar os armazéns
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As interrupções e atrasos no plantio de soja que afetam o Paraná ocorrem de forma ainda mais acentuada em Mato Grosso, maior produtor nacional da oleaginosa. O estado do Centro-Oeste, que tradicionalmente começa a plantar primeiro, só semeou áreas marginais até agora. Mas isso não intimidou os produtores, que já comprometeram mais de um terço da safra. De acordo com a AgRural, Mato Grosso já negociou 7,2 milhões de toneladas de soja, 36% da produção prevista para o ciclo 2010/11. Como de costume, é um dos estados onde a comercialização está mais adiantada. Preços altos, de US$ 20 em Sapezal e US$ 19 em Sorriso para entrega fevereiro de 2011, estimularam as vendas, conforme a consultoria.
Mais lento - Mas o ritmo das vendas tende a se arrefecer, avalia Eduardo Godoi. "É muito difícil encontrar um produtor que venda metade da sua produção antecipadamente. Geralmente trava-se entre 20% a 30%. Por isso, a tendência é que as vendas evoluam mais lentamente a partir de agora nos locais onde a comercialização começou mais acelerada", comenta o analista da AgRural. O balanço do mês passado comprova a teoria de Godoi. Em agosto, o Paraná - que não costuma vender sua safra com muita antecedência - negociou volume de soja semelhante ao vendido por Mato Grosso. De acordo com a AgRural, a diferença foi de 1,4 milhão para 1,6 milhão de toneladas, respectivamente.
Comprometimento - No total, os paranaenses já comprometeram 3 milhões de toneladas de soja, ou 21% da safra esperada, conforme a consultoria. O índice está à frente do registrado nesta mesma época do ano passado, quando pouco mais de 1 milhão de toneladas, ou 8% da produção estadual tinham proteção de preço. "O produtor paranaense geralmente é mais conservador com as vendas futuras, mas preços na casa de US$ 23 por saca para entrega em março ou abril justificam a antecipação dos negócios", explica o analista.
Índices inferiores - A consultoria Safras&Mercado confirma que as vendas estão mais aceleradas este ano no Paraná, mas indica índices inferiores. Para a Safras, 9% da soja paranaense foram vendidos, contra 3% em setembro de 2009 e 14% na média dos últimos cinco anos. Já nos cálculos da AgraFNP, as negociações correm atrás do ano anterior. De acordo com a consultoria, entre 3% e 4% da produção paranaense tem trava de preço, contra 5% nesta mesma época de 2009.
Clima - O ritmo das vendas é limitado pelo clima no Sul do país, afirma o analista Aedson Pereira. "Como não sabe quanto vai colher, o produtor está mais cauteloso. Até porque ainda tem soja disponível, o que não acontece no Centro-Oeste", diz. Enquanto Mato Grosso aproveita o bom momento do mercado para fixar preços para a temporada que está começando, o Paraná limpa o armazém para receber a próxima colheita, compara. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)