THE ECONOMIST: Revista inglesa ressalta pujança da agricultura brasileira
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O avanço da agropecuária brasileira nas últimas décadas é destaque no artigo publicado pela revista inglesa The Economist, no último dia 26 de agosto. Segundo a publicação, o mundo "deveria aprender com o Brasil" as maneiras de evitar uma crise de alimentos, classificando como "admirável" o desenvolvimento alcançado pelos agricultores brasileiros. "Em menos de 30 anos, o Brasil se transformou de um importador de alimentos em um dos maiores celeiros agrícolas mundiais. É o primeiro país a alcançar os cinco maiores ("big five") exportadores de grãos (EUA, Canadá, Austrália, Argentina e União Europeia). É também o primeiro gigante tropical na produção de alimentos", diz um trecho do artigo, cujo conteúdo foi traduzido pelo analista técnico da Ocepar, Gilson Martins.
Crescimento - A revista afirma ainda que "o crescimento no Brasil foi admirável. Entre 1996 e 2006 o valor bruto da produção nacional cresceu de R$ 23 bilhões para R$ 108 bilhões, ou seja, 365%. O país aumentou as suas exportações de carne bovina em cerca de 10 vezes em uma década, ultrapassando Austrália, outrora o maior exportador. Possui o maior rebanho bovino, depois da Índia. É também o maior exportador de aves, açúcar e etanol. Desde 1990, a produção de soja cresceu de apenas 15 milhões para 60 milhões de toneladas. O Brasil é responsável por aproximadamente um terço das exportações de soja, em segundo lugar depois dos Estados Unidos. Além disso, o Brasil fornece um quarto de todo o comércio mundial de soja, cultivada em apenas 6% da terra arável do país."
Subsídio - The Economist ressalta ainda que o país alcançou esse feito com pouco subsídio do governo. "De acordo com a Organização para Cooperação Econômica e desenvolvimento (OECD), o suporte estatal foi responsável por apenas 5,7% de toda a renda rural no Brasil entre os anos de 2005 e 2007. Esse percentual é de 12% nos EUA, 26% nos países do OECD e 29% na União Europeia. O Brasil fez isso sem desmatar a Amazônia (Mas isso aconteceu por outras razões). A maior expansão da agricultura aconteceu a 1000 Km desse bioma", ressalta o artigo.
Demanda - A revista inglesa destaca ainda os dados da FAO, que projetam a necessidade de aumento da produção de alimentos para atender a demanda mundial. "Até 2050 a população mundial vai crescer de 7 para 9 bilhões. A renda vai provavelmente crescer mais do que proporcional e a população urbana vai virtualmente dobrar, mudando a dietas bem como as demandas, já que os habitantes das cidades tendem a comer mais carne. De acordo com a FAO, a produção de grãos vai ter que crescer em cerca de 50%, mas a produção de carnes terá que dobrar até 2050".
Brasil - O artigo segue afirmado: "Se você pergunta qual o tipo de produtor agrícola vai ser mais importante nos próximos 40 anos, a resposta seria provavelmente: alguém que aumentou muito a sua produção e parece capaz de continuar aumentando; alguém que possui reservas de água e de terras; alguém que seja capaz de manter um grande rebanho bovino (não precisa ser necessariamente eficiente, mas capaz de melhorar); alguém que seja produtivo sem subsídios estatais massivos, e talvez alguém com disponibilidade de savanas, uma vez que o maior insucesso no mundo nas últimas décadas foi a África tropical... Em outras palavras, você estaria descrevendo o Brasil."
Recursos naturais - A revista traz ainda dados sobre a disponibilidade de terra agricultável e de água no país, afirmando que é a maior existente em relação a qualquer outro país. "De acordo com a FAO, a terra arável potencial do Brasil é de 400 milhões de hectares, apenas 50 milhões são utilizadas no momento. As cifras oficiais do Brasil são, no entanto, mais baixas, apenas 300 milhões das terras seriam aráveis. De acordo com as cifras da FAO, o Brasil possui mais terra arável do que os 2º e 3º países com maiores áreas aráveis (Rússia e EUA). O Brasil é frequentemente acusado de ter aberto a floresta tropical para fazer suas fazendas, mas poucas das terras novas estão na Amazônia, a maioria está no Cerrado. Em relação aos recursos hídricos, o artigo do The Economist ressalta: "De acordo com o Levantamento mundial da ONU de 2009, o Brasil dispõe de mais de 8.000 bilhões de quilômetros cúbicos de água por ano".
Pesquisa - Além disso, destaca o trabalho feito pela pelas instituições de pesquisa. "O milagre da agricultura brasileira não aconteceu através de uma simples solução tecnológica. A Embrapa fez uma abordagem sistêmica, como dizem os seus cientistas: todas as intervenções trabalharam juntas. A melhoria dos solos e das novas variedades de soja tropicais foram necessidades para a produção no Cerrado; os dois fatores juntos tornaram possível o aumento de produtividades". O artigo informa ainda que o país levou 30 anos para desenvolver uma tecnologia própria, já que o pacote de agricultura de ponta trazido dos Estados Unidos na década de 70 não funcionou no Brasil.