TRIGO: Câmara setorial análise pedido de isenção da TEC

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A Câmara Setorial das Culturas de Inverno do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) manteve seu posicionamento contrário ao estabelecimento de uma quota de importação de 1,6 milhão de toneladas de trigo com isenção da TEC (Tarifa Externa Comum), quantidade estimada para importação fora do Mercosul. A reunião ocorreu nas dependências do Mapa, com a participação de representantes do próprio Ministério, da OCB, Ocepar, Abitrigo, Fecoagro RS, Farsul e Conab. Do Mapa participaram técnicos das área de política agrícola e relações internacionais. O gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, representou também a OCB nessa reunião. O assunto poderá ser reavaliado novamente em dezembro se ocorrer aumento significativo nos preços do trigo no mercado interno e externo.

Estoques maiores na Argentina – Os industriais alegaram, para justificar o pedido de isenção da taxa da TEC, que é de 10%, os baixos estoques de trigo disponíveis na Argentina, que fornece cerca de 95% das necessidades de importação do Brasil. No entanto, os representantes dos produtores mostraram aos demais membros da câmara que os estoques atuais na Argentina somam mais de 3 milhões de toneladas, enquanto a próxima safra, que começa a ser colhida em novembro, está estimada em 14 milhões de toneladas, somando 17 milhões de toneladas para um consumo interno de 5 milhões de toneladas. “Isso demonstra que há trigo suficiente para as necessidades de importação do Brasil, estimadas em 7,5 milhões de toneladas até a próxima safra”, afirma Flávio Turra.

Isenção da TEC reduziria preço ao produtor – Outro argumento dos produtores para não isentar a TEC foi que isso poderia deprimir os preços do trigo aos produtores, que já foram penalizados com problemas nas safras nos últimos anos, agravados com perdas de 46% na atual safra de trigo por causa da estiagem e das geadas. A.produção paranaense de trigo, estimada inicialmente em 2,2 milhões de toneladas, deverá chegar a 1,2 milhão de toneladas. A produção brasileira deverá chegar a 2,5 milhões de toneladas, o que exigirá a importação de 7,5 milhões de toneladas para completar a necessidade de consumo.

Impacto insignificante no pão - O cálculo do impacto da tarifa da TEC (10%) no pão, considerando-se as 1,6 milhão de toneladas que seriam importadas fora do Mercosul, é insignificante, ou seja, implicaria  em alterações de preços apenas na quarta casa decimal: 0,0006. O pão francês, que ao custo atual da farinha tem o preço médio de R$ 0,20 por unidade, passaria a custar 0,2006, portanto não aplicável nenhum aumento. O cálculo foi feito considerando-se que a farinha compõe apenas 20% do preço do pão. Como exemplo ilustrativo pode-se concluir que o consumidor que comprasse 333 pães com TEC de 10% compraria 334 pães sem a TEC.

Preços melhores aos produtores – As perdas estimadas de 1 milhão de toneladas na safra paranaense de trigo, embora representem um prejuízo significativo aos produtores – que já vinham de outras perdas e preços baixos -, pelo menos estão provocando uma repercussão favorável nos preços. “O mercado sinaliza uma importante elevação nos preços”, afirma Flávio Turra. A estimativa é que os preços fiquem acima dos atuais R$ 430,00 a R$ 435,00 por tonelada no atacado, já acima do preço mínimo de R$ 400,00. Esta estimativa está fundamentada em perdas nas safras dos maiores produtores mundiais. “Há quem aposte que os preços no atacado cheguem até a ultrapassar os R$ 500,00 por tonelada, o que seria bom para os produtores”, comentou Turra. Até o momento o Paraná colheu cerca de 50% da safra estimada e comercializou apenas 10%.

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