TRIGO I: Redução no preço mínimo é um desastre, afirma Koslovski
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A redução de 10% no preço mínimo do trigo, anunciado pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, nesta quarta-feira (24/06), repercutiu negativamente no setor cooperativista paranaense. A mudança vai entrar em vigor a partir de 1º de julho e, na região Sul, os preços mínimos que serão adotados durante a safra 2010/2011 vão variar de R$ 19,20, o trigo brando tipo 3, a R$ 29,97, o trigo melhorador tipo 1. "Nós consideramos um desastre para o Paraná. Primeiro porque a própria Conab determina que o custo operacional é de R$ 32,10 por saca de trigo. Esse é o custo operacional e, com a redução do preço mínimo, nós vamos ter um valor inferior a R$ 30,00, no caso do trigo de qualidade produzido no Paraná. Isso significa que o produtor está pagando para produzir", afirmou o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski.
Falta de estímulo - Ele lembra que a medida foi tomada num momento em que a semeadura do cereal já atingiu 83% no Estado, segundo dados da Secretaria da Agricultura de 14/06/2010. "O governo muda as regras do jogo com o time em campo. Só temos a lamentar profundamente com esse posicionamento em função de que, normalmente o preço do trigo é divulgado entre os meses de março e abril, onde o produtor define a sua condição de plantio. Mas, ao reduzir o preço do trigo agora, o governo está beneficiando apenas os nossos concorrentes. Nós estamos prestigiando países como Argentina, entre outros, em detrimento aos produtores brasileiros. É inconcebível que nós tenhamos uma produção inferior a 50% do consumo e não haja um estímulo por parte do governo em relação à se produzir mais", ressaltou.
Garantia de renda - Na avaliação de Koslovski, é importante que o Brasil adote uma política de garantia de renda. "Agricultura não é como outros setores, como indústria e comércio, onde você tem certeza de resultados. Quando eu compro algo no comércio para vender, eu agrego apenas um valor e estou vendendo, estou ganhando. Na agricultura nós temos condições climáticas adversas e muito risco. O agricultor precisa efetivamente de uma política de garantia de renda e, nesse momento, a redução de 10% significa estar indo na contramão de um indicativo que o próprio governo deu em relação à implantação de uma política de garantia de renda para dar mais estabilidade ao setor agropecuário do País", disse ainda.
Queda de área - O presidente da Ocepar acredita que a medida anunciada pelo ministro da Agricultura vai trazer sérios reflexos nas próximas safras. Já neste ciclo, o plantio da safra 2010 no Paraná, maior produtor nacional do cereal, deve atingir 1.100.000 hectares, o que representa uma redução de 16% na área em relação à safra 2009, quando foram plantados 1.310.000 hectares. "Nós estamos reduzindo a área e é quase certeza que a redução no Rio Grande do Sul vai ser maior porque lá os produtores só plantaram 50% da sua safra. Isso é péssimo para todos os agentes da cadeia produtiva do trigo, tanto para o agricultor, para o industrial, como para o consumidor, uma vez que nós estamos sujeitos às condições internacionais em termos futuros em relação ao abastecimento interno. Dessa forma, nós estamos protestando veementemente contra esse posicionamento do governo, uma vez que, qualquer país desenvolvido tem seus estoques estratégicos e apoiar a produção de trigo é uma questão de segurança nacional e alimentar", completou.
Clique aqui para ouvir a entrevista do presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski na integra