TRIGO II: Mesmo escasso, cereal deve seguir para o exterior

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Com a colheita de trigo na casa de 10%, os produtores do Paraná buscam uma estratégia que evite a tradicional falta de liquidez do produto nesta época do ano. As cooperativas, que produzem dois terços do cereal no estado, tentam abrir um canal de exportação, aliviando a demanda regional. A estratégia é aproveitar a queda na produção internacional - provocada pela seca que atinge países como Rússia e Ucrânia - para estabelecer um novo sistema de escoamento.

Destinos - O trigo do Paraná, estado que produz metade da safra nacional, deve seguir para países da África, da Ásia e da Europa, apesar de o Brasil suprir apenas metade de sua demanda anual de 11 milhões de toneladas e ter de aumentar a importação do alimento sempre que a produção cai. A alternativa da exportação foi anunciada pela Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) após reunião sobre o assunto em Campo Mourão (Cento-Oeste do estado). O setor informa exportar atualmente 5% da produção.

Reação - A exportação será uma reação aos preços internos, segundo o analista técnico e econômico da Ocepar, Robson Mafioletti. Ele afirma que os embarques são viáveis principalmente a partir das regiões produtoras que estão próximas dos portos. "Os preços subiram 43% no mercado internacional, mas no mercado interno não reagem. Não aumentaram nem 10%", compara. Em sua avaliação, a indústria poderia pagar R$ 520 por tonelada, mas oferece R$ 60 a menos alegando estar com armazéns lotados. O estado deve colher perto de 3 milhões de toneladas de trigo nesta safra.

Moinhos - Os moinhos confirmam que estão com armazéns carregados, mas negam estarem ditando preços ao produtor. "A indústria não forma preço. Os moinhos não podem pagar mais que o preço de mercado", rebate o conselheiro da Associação Brasileira da Indústria de Trigo e porta-voz do Sindicato da Indústria do Trigo (Sinditrigo) do Paraná, Roland Guth.

Espaço - Se as perdas nas lavouras russas se confirmarem, haverá espaço de sobra para o trigo brasileiro. A produção da Rússia, segundo maior exportador do mundo, tende a cair 17 milhões de toneladas - volume quase três vezes maior que o da safra do Brasil -, passando de 62 milhões para 45 milhões de toneladas. Essa é a previsão mais aceita atualmente no mercado global internacional. O Brasil tende a depender cada vez mais do trigo da Argentina, que vem interrompendo as exportações para garantir abastecimento interno. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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