VALOR ECONÔMICO I: Receita de cooperativas deve crescer 10%

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As cooperativas brasileiras, mesmo afetadas pela crise financeira global, devem elevar em 10% seu faturamento e suas exportações em 2009. A aposta do segmento está na manutenção da demanda mundial por alimentos e na recuperação dos preços internacionais das commodities agropecuárias. As cooperativas também enxergam um mercado interno com crescimento sustentado pelos programas sociais do governo e demanda elevada em regiões menos favorecidas, como o Nordeste.

Avaliação - "O crédito é uma barreira, mas o mercado mundial está gastando estoques, o que tem refreado as compras e provocado uma competição acirrada de preços", avalia o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. "Mas há um mercado interno sustentado em boa demanda. Mesmo que as demissões em massa preocupem, o Nordeste superando o Sul em consumo de alimentos, como aconteceu em 2008, ajuda a desconcentrar essa demanda e mitiga o problema".

Exportações - As exportações diretas das cooperativas bateram em US$ 4,01 bilhões no ano passado, uma expansão de 21,5% na comparação com os US$ 3,3 bilhões registrados em 2007. Baseado nas vendas do complexo soja, sucroalcooleiro e carnes, os embarques geraram um superávit de US$ 3,45 bilhões na balança do segmento.

Importações - O ranking dos principais importadores de produtos brasileiros teve uma significativa alteração no ano passado. A Alemanha passou a liderar as compras, sobretudo de soja, com US$ 452 milhões. Até então líderes da lista, os Países Baixos ficaram com o segundo posto ao adquirir US$ 415 milhões, também em sua maioria derivados de soja. A China, cujo crescimento acelerado ameaçava os principais compradores, caiu do segundo para o terceiro lugar com importações de soja de US$ 406 milhões no período. Os EUA, que reduziram sensivelmente as compras de etanol, permaneceram no quatro posto, com US$ 364 milhões.

Faturamento - O faturamento global dos 13 ramos cooperativistas somou R$ 82,9 bilhões (+15%) no período. E o número de associados cresceu 2,6%, para 7,88 milhões de pessoas em todo o país. O Produto Interno Bruto (PIB) do cooperativismo representa 6% do PIB global brasileiro, projeta a OCB. Essa fatia é superior à participação da indústria automobilística no PIB brasileiro, estimado em 5,4%.

Desafio extra - No ano passado, as cooperativas enfrentaram um desafio extra. Para ocupar os espaços deixados pelas tradings financiadoras do agronegócio, foram obrigadas a avançar no nicho do crédito rural. O presidente da OCB estima que as sociedades atenderam 50% da demanda por crédito no segmento. As cooperativas de crédito, cuja fatia no total de financiamentos ao setor rural chega a 7,8%, tinha uma fatia tradicional de 40% no segmento cooperativista. "A antecipação da colheita da safra de verão, principalmente no Paraná, afetado pela seca, também ajudou a pressionar o sistema", disse Freitas. (Valor Econômico)

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