Aftosa: 100% de imunização garantirá novos negócios
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João Paulo Koslovski(*)
Neste dia 1º de maio, o Paraná inicia mais uma campanha de vacinação
contra a aftosa dos bovinos e bubalinos. São oito anos sem uma única
ocorrência da doença nos rebanhos paranaense.
O status conquistado até agora só foi possível graças
ao trabalho sério e responsável desenvolvido sob coordenação
da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná, com o importante
apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária e efetiva participação
das instituições da iniciativa privada que atuam junto ao Fundepec
e Conesa.
Os mais de 150 CSAs (Conselhos de Sanidade Agropecuária Municipais ou
Intermunicipais), que são os principais agentes junto aos pecuaristas,
desenvolveram um papel sumamente importante para que o Paraná alcançasse
o sucesso em suas ações de defesa sanitária animal.
É evidente que os pecuaristas paranaenses deram e continuam a dar uma
contribuição das mais expressivas, comprovada pelos índices
de vacinação atingem percentuais próximos aos 100%. O trabalho
realizado permitiu que o Paraná fosse declarado livre de febre aftosa
com vacinação a partir de 2002, com conseqüências altamente
positivas para o desempenho das nossas exportações.
A participação do Paraná no conjunto das exportações
brasileiras que era de 9,13% em 2001 passou para 9,40% em 2002. Segundo dados
da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações
paranaenses, que em 2001 foram de US$ 5,317 bilhões, atingiram US$ 5,700
bilhões em 2002, com crescimento de 7,20% no período, bem acima
da média nacional de 3,67%.
É importante destacar que as exportações do agronegócio
paranaense, incluindo o setor madeireiro, superam 60% do total exportado. Dos
10 principais produtos que exportamos, 8 - exatamente oito - , são do
agronegócio, numa clara demonstração da importância
que o setor desempenha na balança comercial do Estado e, sobretudo, em
nossa economia.
Quando analisamos a situação da agropecuária do estado
no período de 1990 a 2003, os números evidenciam o quanto foi
feito em termos de desenvolvimento da pesquisa, tanto oficial como privada,
da extensão rural e, sobretudo da adoção de tecnologia
por parte dos produtores e pecuaristas.
Já em relação à área plantada, crescemos
apenas 14%, passando de 7,26 milhões de hectares plantados em 1990 para
8,27 milhões de hectares em 2003. Em contrapartida, a nossa produtividade
no mesmo período foi de 96%, numa prova inconteste da competência
profissional de todos que atuam no setor.
No período de 1994 a 2002, o Valor Bruto da Produção do
Paraná cresceu 214%, passando de R$ 5,95 bilhões para R$ 18,70
bilhões.
Não menos diferente foi o crescimento no setor de leite e carnes. O leite
apresentou um crescimento de 121% de 1990 a 2003; suínos, 132%; bovinos,
65%; e aves 305%. No setor aves, produzíamos 334.050 toneladas em 1990;
e 1.354.680 toneladas em 2003.
É evidente que vários fatores contribuíram para se produzir
mais e melhor, mas é preciso salientar que os investimentos realizados
em qualidade e sanidade foram fundamentais para que ampliássemos as exportações,
como anteriormente já mencionamos.
Além do mais, é preciso fazer duas análises importantes
sobre nossa capacidade de geração de divisas e logística
na produção de grãos: primeiro, o Paraná não
tem outra riqueza maior que sua capacidade de produzir alimentos ininterruptamente,
garantindo o abastecimento interno e gerando divisas através das exportações;
segundo, se estamos em desvantagem em relação às novas
fronteiras na produção de grãos (custo de produção
e distância dos mercados externos), precisamos transformar esses grãos
em proteína, agregando valor à produção. Com isso
se garante a continuidade na produção interna de grãos
e carne, com todos os reflexos positivos na geração de emprego
no campo e nos setores de produção de insumos e serviços.
O trabalho que vem sendo feito no Paraná, através do poder público,
das entidades de classe, do Conselho Estadual de Sanidade Animal e do Fundepec,
prova que é possível, através da cooperação
e união de todos, sensibilizar o pecuarista para vacinar 100% do rebanho,
mantendo o Estado livre da aftosa. Cada um de nós tem o dever de contribuir
para que o pecuarista vacine seu rebanho, evitando a entrada do vírus
no Paraná.
A forma de participação depende das peculiaridades de cada região
e a ajuda deve ser ampla, com os grandes produtores apoiando os pequenos, com
as prefeituras facilitando e estimulando as ações efetivas para
a vacinação. Os conselhos de sanidade animal, as instituições
oficiais e privadas têm uma missão fundamental, que é orientar
e realizar a imunização de todos os animais, com o dever de denunciar
aqueles que se negarem a efetuar a vacinação.
Conquistar o status de área livre de aftosa foi importante, mas neste
momento a sua manutenção é imprescindível para que
toda população possa usufruir as conquistas que se acumulam pela
ampliação das exportações e geração
de empregos.
Vamos garantir uma vacinação maciça para que possamos,
em breve, pleitear junto à Organização Internacional de
Epizootias, a liberação do Paraná com livre de febre aftosa
sem vacinações obtendo, com isto, todos os benefícios que
tal status propicia ao negócio de carnes em nível mundial.
Vamos ao trabalho! Garantir a vacinação de 100% de nosso rebanho
é responsabilidade de toda sociedade, especialmente a vinculada ao agronegócio.
(*) Engenheiro agrônomo, presidente do Sistema Ocepar