AGRICULTURA: Inverno mais frio, amarelo e florido

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O grão de inverno que teve o maior aumento de área no Paraná neste ano não foi o trigo - que atinge preços recordes e segue escasso no mercado internacional. O maior avanço é o da canola, produzida em menor escala, mas em um ritmo de expansão sem igual. O cultivo, que era de 1 mil hectares três safras atrás, passou para 3 mil em 2007 e agora para 4,5 mil hectares. O salto na produção foi de 329% entre 2006 e 2007 (de 1 mil para 4,2 mil toneladas) e deve alcançar 62% no ciclo atual, quando os produtores esperam colher cerca de 7,2 mil toneladas. Os índices do trigo são quatro vezes menores, considerando as três últimas safras.

Previsão é dobrar produção - Se as avaliações dos especialistas estiverem certas, ainda há muito espaço para a canola, que sofre menos que o trigo com as geadas e, na era dos biocombustíveis, pode se tornar uma espécie de soja de inverno. A previsão é que a produção dobre nos próximos anos, isso considerando apenas a procura para consumo humano. O óleo de canola tem metade da concentração de gordura saturada (de 6% a 8%) que os óleos de soja e milho e cerca de 30% a menos na comparação com o óleo de girassol. Além disso, é indicado para quem quer adiar o envelhecimento.

Sementes são importadas - Terceira oleaginosa mais importante do mundo (atrás da soja e da palma), a canola começou a ser plantada no Brasil 33 anos atrás. Até hoje as sementes são importadas e não há levantamento das safras por parte do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com base em dados dos estados produtores, estima-se que a cultura deve render cerca de 30 mil toneladas nesta safra - 75% no Rio Grande do Sul e 15% no Paraná. "Temos mercado e condições para produzir 15 mil toneladas de canola por ano no Paraná", afirma Sebastião Hollandini, gerente de negócios da Bünge em Candói, no Centro-Oeste do estado, uma das regiões que está despertando para a cultura. Ele conta que a situação atual repete a tendência de crescimento registrada no final dos anos 90, quando o plantio também passou de 5 mil hectares. "Naquela época, o problema era a comercialização. Agora o interesse do mercado é bem maior", compara.

Cálculos de produção e renda - A Bünge incentiva o cultivo garantindo a compra do produto a R$ 0,88 o quilo na região. O recebimento é feito pela AgTeixeira Agrícola, que armazena e repassa o grão para produção de óleo. Para quem colhe 1,5 mil quilos por hectare, o lucro chega a R$ 445/ha. O agrônomo Eduardo Miranda Pereira, que dá assistência técnica aos produtores de canola no Centro-Oeste, calcula que o custo operacional seja de R$ 880 por hectare (R$ 680 para pagar insumos e R$ 200 para serviços). Já a renda é estimada em R$ 1,32 mil por hectare, considerando a produção de 25 sacos de 60 quilos e o preço pré-fixado de R$ 53 por saco. Como a produtividade de 1,5 mil quilos por hectare pode ser elevada com aperfeiçoamento no sistema de cultivo, a expectativa é que os ganhos aumentem nos próximos anos, mesmo que não entre no mercado nenhuma nova semente, diz Pereira. A dependência de sementes importadas faz com que o Brasil plante as mesmas variedades de países como Austrália e Canadá. (Caminhos do Campo/Gazeta do Povo)

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