AGROTÓXICOS: Contrabando faz PF prender 21 no Paraná
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A Polícia Federal prendeu ontem 38 pessoas, 21 no Paraná e o restante em outros estados de federação. Os presos são acusados de pertencerem a quadrilhas que se dedicavam à importação, transporte e distribuição ilegal de agrotóxicos. Foram destacados mais de 600 policiais que ainda apreenderam dinheiro, veículos, celulares, armas e caixas de agrotóxicos. Quatro delegados comandaram as investigações. Ontem, eles concederam uma entrevista coletiva em Foz do Iguaçu. Entre os presos no Paraná estão o major da Polícia Militar José Hissagi, o subtenente Mauro Lourenço de Souza, o soldado Sandro Lacerda e o investigador da Polícia Civil Mário Beraldo Neto - todos acusados de facilitar a prática criminosa recebendo pagamento em troca. Segundo a PF, as investigações da Operação Campo Verde começaram em novembro de 2005 em Jataí (GO). Logo depois juntaram-se à outra que era feita em Foz do Iguaçu, onde se descobriu que o agrotóxico era importado da China para empresas instaladas em Ciudad del Este, no Paraguai.
Proibidos - Entre os detidos em Foz do Iguaçu está Paulo Lee, considerado pela polícia como o principal importador dos produtos ilegais. Muitos dos agrotóxicos trazidos são proibidos por não respeitarem as orientações da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Abastecimento (FAO), apresentando alto grau de nocividade. Do Paraguai o agrotóxico entrava no Brasil por via terrestre ou por meio de balsas, cruzando o Rio Paraná ou o Lago de Itaipu. A partir daí era distribuído para os principais Estados produtores de grãos. O agrotóxico seguia em veículos pequenos ou em caminhões, normalmente escondidos entre outras mercadorias, precedidos de “batedores”.
80 toneladas - A polícia divulgou que a estimativa é de que cerca de 80 toneladas do produto ilegal entram por mês no Brasil. Segundo investigação da polícia, parte do lucro da quadrilha era destinada à compra de veículos ou depositada em contas de terceiros. Mas também era usada para pagar policiais. Os nomes não foram revelados. Eles prestaram depoimento e estão detidos no batalhão da Polícia Militar em Foz do Iguaçu. Os presos foram indiciados pelos crimes de formação de quadrilha, importação ilegal de agrotóxicos, produção e distribuição de agrotóxico sem cumprimento da legislação, contrabando e sonegação fiscal. A polícia também encontrou o projeto de instalação de uma fábrica de agrotóxicos no Brasil.
Líder do esquema - O principal alvo da operação, segundo a Polícia Federal, foi o paulista Paulo Ly que trabalhava em Foz do Iguaçu no ramo de automóveis. No momento da prisão, em Foz, Ly se apresentou ainda como estudante de Direito. De acordo com as investigações, Ly é o principal responsável pela importação dos agrotóxicos. Ele trazia da China e espalhava pelos estados. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) não se pronunciou sobre as prisões dos policiais, entretanto, afirmou que tanto a PM quanto a PC estão aguardando o repasse de documentos da PF para tomar as providências. Os policiais devem ficar presos nos quartéis da própria corporação. O soldado Sandro Lacerda trabalha na Penitenciária Industrial de Cascavel. (Jornal O Parana)