ÁLCOOL: Mandioca e batata-doce são novas opções
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A onda dos “combustíveis limpos”, não derivados de petróleo e fontes minerais, pode impulsionar a produção de álcool a partir da batata-doce e da mandioca no Brasil. Um projeto em fase inicial da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, (Embrapa) do departamento de Hortaliças, aponta que o álcool pode ser extraído da batata-doce. Com isso, já movimenta a cadeia produtiva do setor na Região Norte do País. A mandioca conta com três projetos para produção do álcool em andamento que poderão chegar no mercado nacional em um ano. Incentivada a desenvolver tecnologia a partir de solicitações da Eletronorte, a Embrapa iniciou recentemente estudos para produzir por meio do amido extraído da batata-doce o etanol na Região Norte do País. “Este é um passo inicial para a produção industrial. Iremos realizar a seleção de material que será plantado para poder chegar ao volume de matéria-prima”, diz João Bosco Carvalho, pesquisador do projeto da Embrapa. A projeção, segundo o pesquisador, é de que, em até seis meses, os estudos sejam concluídos, para a partir daí começar uma produção efetiva com cerca de 150 litros por tonelada. “A expectativa é de elevar este volume para cerca de seis mil litros, em uma segunda fase do projeto. Para isso já começamos a receber solicitações de interesse de empresários”, conta.
Custo - O investimento necessário para uma indústria de produção de etanol a partir da batata-doce é da ordem de R$ 200 mil. Atualmente o País conta com uma usina experimental na Fundação Universidade do Tocantins, a Unitins. “A CereAlcool do interior do Estado de São Paulo é outra possibilidade de usina produtora porque a companhia poderia adaptar rapidamente seus equipamentos para a produção do álcool”, constata. Para produção de um litro de álcool da batata-doce são necessários cerca de 25 litros de água. O mesmo é utilizado para a produção por meio da mandioca.
Mandioca - O Brasil conta com três projetos de usinas para produção de álcool a partir da mandioca. Os investimentos podem chegar a um total de US$ 45 milhões. Desta vez, a cana-de-açúcar principal matéria-prima para a produção do combustível no Brasil cederá espaço para a mandioca, e os aportes em questão são mais modestos, da ordem de US$ 15 milhões em cada planta. Uma das destilarias deverá ser construída em Nazaré da Mata, na Zona da Mata de Pernambuco. Parte da produção será destinada para o mercado de combustíveis e o restante, às indústrias químicas e de bebidas. A produção é de 120 milhões de litros por ano. A segunda destilaria à base de mandioca será construída em Palmital, interior de São Paulo, e a terceira ainda está em estudo de viabilização de projeto. “A produção de álcool de mandioca é barata desde que boa parte da matéria-prima seja própria”, afirma Antonio Donizetti Fadel, sócio proprietário da Halotek Fadel, indústria produtora de amido e também presidente interino da Associação Brasileira dos Produtores de Amido da Mandioca (Abam). A planta paulista deverá entrar em operação a partir de 2008. A tecnologia da nova planta foi adquirida da Tailândia, país que utiliza a mandioca para a produção de álcool.
Produção - Conforme Fadel, a Tailândia produz 25 milhões de toneladas de mandioca, dos quais 50% são destinados à produção de alimentos e outra metade para o álcool. No Brasil, a produção estimada para este ano de 2007 é de 27 milhões de toneladas. Deste total, até 45% são voltados para a produção de farinha, outros 10% para amido, 30% para alimento de mesa e o restante para ração animal. No país, há apenas duas destilarias de álcool à base de mandioca, criadas na década 70, quando o governo decidiu diversificar a produção de álcool, segundo Jonas Arantes Vieira, um dos sócios destilaria Agroindustrial Tarumã (CereAlcool), na cidade paulista de mesmo nome, que produz álcool da mandioca . “Produzimos 10 mil litros de álcool da mandioca ao dia e 20 mil litros de álcool do milho”, diz o empresário. No País, uma tonelada de mandioca produz 180 litros de álcool. A mesma tonelada da cana produz cerca de 90 litros. Mas a produtividade nos canaviais é bem maior: cerca de 85 toneladas por hectare. No mesmo hectare, a produção média é de 45 toneladas de mandioca. (Embrapa)