ALGODÃO: Custo de produção pode reduzir plantio em 20%
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O aumento de 15% nos custos de produção das lavouras de algodão e a carga tributária incidente sobre a indústria têxtil poderão reduzir em até 20% a área plantada com a pluma na safra 2008/09, que é cultivada no último trimestre do ano. A previsão foi divulgada na quarta-feira (07/05), em Brasília, pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen Rodrigues, que está transferindo o cargo a Haroldo Rodrigues da Cunha.
Fertilizantes e combustíveis - De acordo com Jacobsen, os fertilizantes representavam 25% do custo total das lavouras da fibra, porcentual que atualmente oscila entre 35% e 38%, dependendo da região de cultivo. Os gastos com combustíveis também têm impacto no custo de produção, porcentual que passou de 2% há cinco anos para 10% atualmente. Em relação à carga tributária, a expectativa da Abrapa é que a Política Industrial, que deve ser anunciada pelo governo na próxima segunda-feira, no Rio de Janeiro, resulte em redução de impostos, principalmente de PIS/Cofins, além da desoneração da folha de pagamentos. ""Defendemos a redução de impostos que resulte em aumento na demanda interna por algodão"", afirmou Jacobsen. O consumo interno de algodão está estagnado nos últimos anos em cerca de um milhão de toneladas, mostram números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgados pela Abrapa.
Câmbio - Além desses fatores negativos, ele ressaltou que o câmbio - a defasagem é, segundo Haroldo Cunha, de 25% no acumulado desde 2006 - prejudica as exportações de algodão, vendas que devem somar 520 mil toneladas neste ano. O câmbio prejudica a importação de fertilizantes (cerca de 70% da demanda interna é abastecida com produto importado). Outro entrave para o crescimento do setor algodoeiro é a concorrência com a China, para onde se transferiram importantes indústrias têxteis do País. Para ""corrigir as distorções cambiais"", ele defendeu a taxação de capitais especulativos.
Leilões - Levando em consideração esses aspectos, a Abrapa acredita que a maior parte dos contratos de exportação de algodão que tem vencimento neste ano será honrado com prejuízo de até 20%. Jacobsen explicou que boa parte da produção que será entregue neste ano foi vendida em 2006, quando os preços dos fertilizantes estavam num nível mais baixo. Em entrevista coletiva, ele elogiou a decisão do governo de realizar leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) para apoiar a comercialização de parte da safra, medida anunciada terça-feira pelo Ministério da Agricultura. O primeiro leilão está previsto para o dia 15 de maio e ofertará 341 mil toneladas da fibra. A expectativa do ministério é de que sejam aplicados R$ 550 milhões em leilões de Pepro, volume similar ao aplicado em apoio ao algodão, no ano passado. (Folha de Londrina)