ALIMENTOS: ONU vai criar grupo de crise em busca de saídas para a alta dos preços
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A Organização das Nações Unidas (ONU) vai criar um novo plano e uma força tarefa para combater a crise alimentar, enquanto crescem as advertências de que as medidas protecionistas adotadas por alguns exportadores agrícolas, possam provocar um aumento ainda maior dos preços. A decisão foi anunciada na semana passada, em Berna (Suíça), pelo secretário-geral da organização, Ban Ki-moon. Dirigentes de 27 agências e organismos da ONU participaram de reunião fechada nos dias 28 e 29 de abril, na tentativa de traçar um plano contra a crise.
Integrantes - O grupo será composto por responsáveis das agências da ONU e do Banco Mundial e ficará sob a autoridade direta de Ban Ki-moon. Ele deve recorrer a medidas de urgência e de longo prazo para suavizar os transtornos provocados pelo aumento do preço de alimentos considerados essenciais, como o trigo. O diretor do Banco Mundial, Robert Zoellick, alertou que as próximas semanas serão críticas e garantiu que planeja criar um fundo para financiar os países mais pobres e ajudá-los em suas agriculturas.
Plano - A estratégia estudada pela ONU terá duas etapas. A primeira será o incremento do orçamento da ONU para alimentar cerca de 77 milhões de pessoas em todo o mundo. Para isso, a entidade pede a doação de US$ 755 milhões a mais que o plano feito no final de 2007, de US$ 2,9 bilhões. Até agora, o Programa Mundial de Alimentos da ONU já arrecadou 63% da quantia extra e a entidade espera novas doações até o final do mês. Ban está convencido de que os governos ricos podem ajudar a dar uma solução à crise. Mas precisam de coordenação, vontade política e novos recursos.
Efeito cascata - O que ele teme é que vários governos usem recursos que estavam sendo destinados a outros programas sociais nos países mais pobres para solucionar a questão da fome. O resultado, portanto, seria uma "cascata" de crises, já que faltariam recursos na saúde, educação e outros setores. O dinheiro, segundo Ban, iria para refugiados, mulheres e crianças, como prioridade. Vítimas de desastres naturais também seriam atendidas primeiro.
Revolução verde - Um segundo passo será a elaboração de uma estratégia para promover na África uma "revolução verde". Isso incluirá recursos para treinamento de agricultores, maior tecnologia e recursos para a região. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) participará indiretamente dessa revolução, já que está percorrendo o interior do continente para analisar como adaptar sementes aos terrenos africanos.
Biocombustíveis - Ban pediu a revisão dos subsídios aos biocombustíveis, considerados uma das causas da escalada dos preços dos alimentos. "É preciso investigar mais o impacto da mudança do cultivo de alimentos à produção de biocombustíveis e todos os subsídios aos biocombustíveis devem ser revisados", afirmou.
Desafio - Ban Ki-moon, por sua vez, considerou o aumento de preço dos alimentos no mercado mundial "um desafio sem precedentes". "Se os fundos que solicitamos aos doadores não forem cumpridos plenamente, arriscamos que a fome e a subnutrição aumentem ainda mais e que distúrbios sociais se instalem em uma escala sem precedentes", afirmou o secretário-geral. Na reunião da ONU, foram apontadas como causas da crise de alimentos, dentre outros, a falta de investimentos no setor agrícola, os subsídios que conturbam o comércio, os subsídios aos biocombustíveis, as más condições climáticas e a degradação do meio ambiente.
Comércio - A ONU pediu ainda que todos os países, inclusive o Brasil, mantenham seu comércio de alimentos aberto, e classifica a alta nos preços das commodities como uma "crise global e real". (Com informações Agência Estado)