ALIMENTOS: Panela vazia não rima com democracia, diz Micheletto

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Esta falácia de que no Brasil os biocombustíveis concorrem com a produção de alimentos é a maior mentira do século 21 e se espalha pelo mundo no momento em que os produtores europeus de açúcar sofrem uma derrota na Organização Mundial do Comércio (OMC) em relação aos subsídios agrícolas. A declaração é do deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR) durante entrevista concedida na última quarta-feira (30/04) à TV Câmara. "Não podemos aceitar passivamente esta falsa acusação que os delatores da energia limpa, no caso os biocombustíveis, e os nossos concorrentes estão se utilizando para nos acuar e nos enfraquecer".

Potencial brasileiro - Segundo o deputado, "essa mentira absurda" não se aplica ao Brasil que  dispõe  de clima favorável, produtores eficientes, uma agricultura competitiva e um enorme potencial produtivo, além de 90 milhões de hectares ainda inexplorados. Ele explicou que o Brasil tem hoje 276 milhões de hectares de terras cultiváveis, sendo 72% ocupadas por pastagens naturais/cultivadas, 16,9% por grãos e apenas 7,8 milhões de hectares plantados com cana-de-açúcar, o que representa 2,8%. "Esses dados deixam os nossos concorrentes em polvorosa, daí essa atitude de sair por aí denegrindo o agronegócio brasileiro, com o apoio da mídia internacional".

Competitividade - Para Micheletto, alguns líderes políticos mundiais, pressionados pelos produtores de seus países, não querem entender e aceitar que o Brasil é bem diferente de outras nações, e que a agricultura brasileira, mesmo sem subsídios, é muito mais competitiva que a deles. "Se países como o Japão, Estados Unidos e mais a União Européia não aplicassem US$ 365 bilhões de dólares de subsídios por ano na agricultura, o agronegócio brasileiro teria condições de produzir alimentos para abastecer o mercado interno, como já ocorre, e exportar para matar a fome de outros povos", explicou.

Solução - O deputado lembrou que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, alertou que corremos outra vez o risco de uma fome generalizada, desnutrição e distúrbios sociais sem precedentes. Micheletto antecipa que a solução para a crise internacional de alimentos está no Brasil, onde os fatores de produção são favoráveis, e tem condições de produzir 50% dos alimentos para saciar a fome de 1,5 bilhão de pessoas que vivem no mundo abaixo da linha de pobreza, notadamente na China, India e África. "Se a ONU está mesmo preocupada com a fome generalizada que passe então a engrossar as fileiras daquelas entidades que defendem o fim dos pesados subsídios aplicados no agronegócio pelos países desenvolvidos. São eles, com os seus subsídios, os responsáveis pelas distorções no comércio internacional das commodities", assinalou Micheletto. Para ele, essas lideranças mundiais devem se preocupar mesmo com essa crise de alimentos no mundo porque sabem que panela vazia não rima com democracia. "Em menor proporção, é aquela velha história de que em casa que não tem pão todos brigam e ninguém tem razão."

Política agrícola - Micheletto informou que para aumentar em 50% a produção brasileira de grãos no médio prazo algumas medidas devem ser implementadas, como uma política agrícola consistente que contemple o seguro rural, juros mais compatíveis, política cambial mais realista, programa de estoques reguladores e estratégicos, investimentos em logística e uma legislação florestal bem definida com zoneamento econômico-ecológico.  "Se essas ações forem adotadas pelo Governo a resposta da agricultura será imediata, em pouco tempo os resultados surgirão no campo com colheitas de alimentos mais abundantes para saciar a fome que se espalha por esse mundo afora", ressaltou. (Imprensa Parlamentar)

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