ARGENTINA: Agricultura já sente efeitos do apagão

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A crise energética que assola a Argentina desde a última semana de maio já está afetando intensamente a agricultura do país. O alerta é do presidente da Sociedade Rural, Luciano Miguens. Segundo ele, a falta de gás, gasolina e eletricidade está provocando uma queda do abastecimento dos insumos estratégicos para a produção de trigo, milho, soja, carne, leite, verduras e hortaliças. Segundo Miguens, a crise está 'pondo em risco' a colheita recorde de 100 milhões de toneladas de cereais e oleaginosas previstas pelo governo e analistas para este ano. 'O setor industrial que produz farinha, açúcar, óleo, carne, laticínios, sucos e vinhos já apresenta sérias dificuldades para continuar com seu trabalho.' Sem gasolina e diesel, os produtores agrícolas não podem semear ou fazer as colheitas. A Sociedade Rural também alertou para uma alta dos preços dos produtos agrícolas: 'A forte crise energética repercutirá em um menor crescimento do PIB, em uma menor capacidade de abastecimento do mercado, além de provocar, adicionalmente, uma maior pressão inflacionária'.

Fornecedores - 'Os fornecedores de insumos estarão impossibilitados de proporcionar a quantidade necessária de fertilizantes agroquímicos e produtos veterinários tão requeridos para alcançar um abastecimento normal e melhorar a qualidade de diversidade de produtos que oferecemos tanto ao mercado interno como ao mundo', disse Miguens. O presidente da Sociedade Rural pediu ao governo que crie uma reserva estratégica de energia (diesel e gás) para abrandar a crise e evitar novos colapsos nos próximos anos. A crise de energia paralisou as instalações da Profértil, a única fábrica de uréia granulada do país, fertilizante essencial para a agricultura. Essa fábrica, a maior do mundo - que requereu um investimento de US$ 750 milhões - produzia antes da crise 1,1 milhão de toneladas, um recorde jamais ultrapassado por seus concorrentes.

Moinhos - Segundo o Departamento de Estudos Econômicos da Bolsa de Comércio de Rosário, a falta de energia também está afetando os moinhos na Argentina. 'Os moinhos trabalham oito horas a menos por dia. Algumas fábricas decidiram fazer uma paralisação técnica. Desta forma, a oferta se retraiu. Mas a demanda continua tendo o mesmo nível', alerta. Segundo a analista Patricia Berguero, integrante do Departamento, os desajustes que o setor agroindustrial está padecendo com a escassez de energia 'estão gerando sobrecustos que a curto prazo serão transferidos no aumento de preços dos óleos, carne, laticínios e farinhas'.

Chuvas - As plantações de soja conseguiram driblar as secas e as chuvas intensas que se alternaram nos últimos meses na maior parte da zona de produção argentina. Além disso, conseguiram, com grande esforço dos produtores, evitar a falta de combustível no interior do país. A colheita de soja, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, foi recorde, com 47,5 milhões de toneladas, 17,5% a mais do que a anterior. Porém, a comemoração do recorde tem sido prejudicada pelos problemas na elaboração do produto para envio aos seus mercados no exterior. O problema, segundo a revista alemã Oil World, especializada em oleaginosas, é que a crise energética argentina está paralisando o pólo de indústrias de processamento de oleaginosas na área da cidade de Rosário, além de outras unidades no resto do país. (Agência Estado)

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