BALANÇA COMERCIAL: Petróleo derruba saldo do Paraná

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Dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) sobre a balança comercial dos municípios do país são uma prova do impacto que a alta do petróleo e a valorização do real tiveram nas importações do Paraná. O dólar baixo aliado ao aumento no preço de fertilizantes fez com que a despesa com importações do estado aumentasse em 73% de janeiro a maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2007. Apesar disso, o bom momento do agronegócio e da indústria automotiva devem impulsionar as exportações paranaenses, garantindo o saldo positivo na balança comercial.

Brasil - "Mantemos o dinamismo exportador. Apesar de o câmbio estar favorecendo a importação, com certeza teremos um resultado superavitário", diz o coordenador de análise de conjuntura do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Júlio Suzuki. Ele destaca que a alta das importações não é "privilégio" do Paraná, mas se estende a todo o país - de fato, o Brasil apresenta variação de 46% nas importações até maio deste ano, o que diminuiu o saldo da balança comercial em US$ 8 bilhões, na comparação com o mesmo período de 2007.

APPA - No Paraná, alguns municípios são representativos do impacto das importações. Araucária, na região metropolitana de Curitiba, ficou com o sexto pior saldo da balança comercial entre 2.211 municípios do país pesquisados pelo Mdic, com aumento de 138% no gasto com importações. A variação, segundo Suzuki, deve-se especialmente à alta do petróleo - os óleos brutos correspondem a 91% das importações de Araucária, que é sede da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), indústria controlada da Petrobras e que é a maior importadora do estado (veja matéria ao lado). A ampliação e manutenção da Repar, em curso desde o início do ano, também foram responsáveis, segundo o Ipardes, pelo aumento do saldo negativo da balança do município - em manutenção, a refinaria deixou de exportar, contribuindo para o desempenho deficitário da cidade.

Paranaguá - O município de Paranaguá, por conta do porto e do grande número de escritórios de representação lá instalados, teve o segundo melhor saldo da balança comercial no país, com aumento de 60% nas exportações, mas não escapou da alta nas importações, que tiveram variação de 90%. O índice, bastante elevado, se deve principalmente à alta do preço dos fertilizantes, que corresponde a 80% da pauta de importações de Paranaguá. O aumento do volume importado foi de apenas 4%, mas o das despesas chegou a 90%. "Os principais componentes dos fertilizantes sofreram alta de cerca de 100% nos últimos doze meses, e 70% deles são importados", explica o gerente técnico e econômico do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Flávio Turra. O professor de Comércio Exterior da Universidade Positivo, Gerson Bittencourt, lembra que, por questões de custo, o fertilizante é descarregado e processado na mesma cidade - no caso, Paranaguá -, para poupar gastos com transporte, o que faz com que ele seja contabilizado no município. C

Indústrias de tecnologia - Curitiba e São José dos Pinhais também tiveram aumento nas importações, mas com saldo negativo na balança comercial. O motivo, segundo Suzuki, são as indústrias de tecnologia instaladas nas duas cidades, que têm características necessariamente importadoras. "Elas exportam bastante, mas importam muitos componentes. Cidades como essas, que abrigam núcleos tecnológicos, acabam tendo um saldo não muito favorável na balança", diz Suzuki. Bittencourt destaca que a valorização do real também pode ter estimulado as empresas da região a importarem o que antes compravam de fornecedores do mercado local. "O preço é mais competitivo lá fora", explica. Bittencourt comenta que, em momentos como este, de valorização da moeda local e aquecimento do mercado interno, as indústrias locais podem optar por diminuir as exportações e investir no mercado local. Não é, no entanto, o que vem acontecendo em Curitiba e São José dos Pinhais, que apresentam alta também nas exportações - 32% e 16%, respectivamente.

Ponta Grossa e Maringá - As cidades de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e Maringá, no Norte do estado, apresentam o segundo e terceiro melhores saldos da balança comercial entre os municípios do Paraná. "Elas refletem a pujança do agronegócio, que tem projeção de crescimento e conta com preços bastante favoráveis", destaca Suzuki, do Ipardes. Em Maringá, soja e cana-de-açúcar representam 85% das exportações, que tiveram alta de 83% em comparação ao mesmo período do ano passado. Ponta Grossa registrou aumento de 52% nas exportações, que abrangem principalmente a soja, o milho e a carne de frango. "Os complexos da soja e da carne de frango são os principais exportadores do Paraná e garantem os saldos superavitários do estado", relembra o analista do Ipardes. (Gazeta do Povo)

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