CAMINHOS DO CAMPO: Condições na safra 2007/08 não serão favoráveis, alerta metereologista
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O fenômeno climático La Niña, que provoca o resfriamento das águas do Pacífico Sul e gera alterações no clima, deverá permanecer ativo até o início de 2008, o que significa a possibilidade de anomalias, como estiagens na safra 2007/08, que começa a ser plantada em outubro. A afirmação é do meteorologista Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia, durante palestra ministrada no encontro regional da Expedição Caminhos do Campo, realizada na noite de quarta-feira (03/10), em Londrina.
Palestrante da semana - O encontro em Londrina reuniu 130 pessoas e teve como tema o clima. Lazinski foi o palestrante da semana na Expedição Caminhos do Campo, que percorre o Norte do estado. Segundo o metereologista, as condições na safra 2007/08 não serão favoráveis como no cultivo anterior, o que deixou os agricultores apreensivos. "Não esperem clima regular", disse, com base em mais de dez modelos de previsão clima.
Seca no RS influencia clima - A presença do La Niña cria barreiras que impedem a chegada de frentes frias a várias regiões do Centro-Sul do País, durante o inverno, e também de chuvas no verão. Além disso, o fenômeno é caracterizado por alterações bruscas de temperatura, como se viu nos últimos meses no Paraná. A partir de meados de outubro, disse o metereologista, deve voltar a chover em todo o estado, o que favoreceria o início do plantio. "No entanto, já existem modelos que apontam seca em novembro no Rio Grande do Sul, o que deve influenciar o clima paranaense", acrescentou. A previsão de que o La Niña vai durar até março do ano que vem parte da análise da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico. "É uma previsão, mas tudo indica que vai se confirmar. Se começasse a mudar agora, seriam necessários dois meses para o clima voltar ao normal", afirma.
Safra de verão - A previsão é que, durante todo o período da safra de verão, as chuvas ocorram "mais ou menos" dentro da média histórica. O problema, lembrou Lazinski, pode não estar na quantidade de precipitação, mas na sua distribuição. Nos últimos meses, conforme citou, as chuvas ficaram praticamente concentradas em curtos espaços de tempo, em meio a longos intervalos de seca e calor intenso. "Isto não resolve nada para a agricultura e tal situação, poderá continuar nos próximos meses", disse o meteorologista. Lazinski afirmou que o La Niña encontra-se bem definido, abrangendo milhões de quilômetros quadrados numa faixa que vai da América do Sul até a Austrália. Mesmo que o fenômeno começasse a enfraquecer neste momento, demoraria meses para que o resfriamento das águas fosse revertido.
Déficit hídrico - Atualmente, as condições para o plantio da safra 2007/08 são adversas, frisou o especialista, lembrando que nas regiões Norte, Noroeste e Oeste do Paraná o déficit hídrico está entre 70% e 75%. Até o final do ciclo de verão pode haver estiagens, "mas não há como prever a época e a intensidade". O que se pode esperar, segundo ele, é um clima parecido com o da safra 2005/06, que causou muitos danos à agricultura paranaense. Em algumas regiões, para se ter idéia, a produtividade das lavouras foi afetada em 25%. "Com certeza, não teremos o mesmo clima da safra 2006/07, que foi bom para os agricultores". Lazinski disse a confiabilidade acerca das estimativas não é de 100%, mas lembrou que 90% dos modelos de previsão meteorológica, em todo o mundo, estão fazendo praticamente os mesmos indicativos sobre a tendência climática.
Fechou a torneira - "Ao contrário do La Niña, o fenômeno El Niño (que provoca o efeito inverso, ou seja, o aquecimento das águas do Pacífico Sul) é favorável à agricultura do Centro-Sul, por provocar muitas chuvas". O meteorologista disse que o mês de maio de 2007 assinalou a mudança do El Niño para o La Niña, sendo os efeitos sentidos imediatamente no Paraná. Choveu bem de novembro de 2006 a fevereiro de 2007, mas a precipitação começou a diminuir em seguida. "Em maio, fechou a torneira", ressaltou Lazinski, registrando-se, nos meses seguintes, bloqueios, variações bruscas de temperatura e má-distribuição de chuvas. Para se ter idéia dos efeitos da anomalia, setembro foi considerado extremamente seco, com intenso calor, mas ocorrendo, no final daquele mês, frio com geadas em várias regiões do Sul do País, inclusive no Paraná.A tendência, agora, é que essa situação melhore em pouco, permitindo que os produtores iniciem o plantio.
Palestra para download - A palestra ministrada em Londrina está disponível para download no endereço www.gazetadopovo.com.br/expedicaocaminhosdocampo.
Acompanhe o trabalho - A Expedição Caminhos do Campo/Gazeta do Povo tem o apoio técnico do Sistema Ocepar e da Faep. Para acompanhar o trabalho da Expedição e ter outras informações sobre como está o mercado e o plantio de milho acesse o endereço www.gazetadopovo.com.br/expedicaocaminhosdocampo. O link da Expedição está disponível também na página inicial do site da Faep - http://www.faep.com.br/. (Com informações imprensa Cocamar e Gazeta do Povo)