CAMINHOS DO CAMPO: Expansão da agricultura traz especulação de terras no Cerrado

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A expansão da área de produção no Cerrado, que consolida uma nova fronteira agrícola no país, também favorece um crescente movimento de especulação de terras na região. Em alguns estados, como Tocantins e Bahia, a cotação do hectare saltou de 10 para 100 sacas de soja, em apenas cinco anos. O mercado de imóveis rurais, que atrai produtores nacionais e investidores estrangeiros, pautou na última sexta-feira (07/03) a audiência da Expedição Caminhos do Campo/Gazeta do Povo na Embaixada Americana, em Brasília, numa reunião com técnicos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Oeste baiano - Apenas no Oeste baiano, a Expedição apurou que existem 100 mil hectares de terras agricultáveis nas mãos de norte-americanos. O número não é oficial. A estimativa é de entidades da cadeia produtiva de Luiz Eduardo Magalhães, o município com maior área de soja na Bahia. A Embaixada dos Estados Unidos não tem um controle dessa presença americana em território brasileiro. De acordo com informações extra-oficiais, eles seriam 300 produtores em todo o país, mas principalmente no Centro-Oeste e no Cerrado, com destaque para a Bahia.

Perfil dos investidores - Elizabeth Mello, técnica do USDA e adida de agricultura na embaixada, explicou que o perfil desses investidores é variado. São agricultores independentes ou grupos de empreendedores que vem ao Brasil em busca de terras baratas e como opção de investimento. A crise imobiliária nos Estados Unidos, por exemplo, é um dos motivos que tem levado os americanos a investir em outros segmentos. Mas a opção fácil e barata do Brasil pode não dar certo. Segundo Elizabeth, eles têm informações de conterrâneos que não se deram bem e perderam todo o capital investido. A principal dificuldade é a adaptação ao novo estilo de vida.

CNA - Na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a equipe apresentou ao corpo técnico da entidade o diagnóstico do Cerrado, com informações sobre área cultivada e potencial de expansão das regiões produtoras do Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia. A Expedição apurou que os quatro estados cultivam, juntos, 3,5 milhões de hectares de milho e soja. No prazo de 10 anos, essa área tem espaço para triplicar, avanço que vai depender de investimentos em pesquisa e infra-estrutura. Os principais tópicos que pontuaram o debate na CNA foram a projeção de aumento de área, logística e meio ambiente.

Encerramento - A agenda de sexta-feira encerrou a programação no Cerrado Brasileiro, onde o grupo percorreu 9 mil quilômetros, visitou quatro estados e 18 municípios. Em Brasília, a Expedição também teve encontros no Ministério da Agricultura e Organização das Cooperativas Brasileiras. Na próxima semana tem início o roteiro no Paraná.

Publicação - A primeira da série de reportagens sobre a Expedição será publicada no suplemento Caminhos do Campo, do jornal Gazeta do Povo, desta terça-feira (11/03). A viagem dos técnicos e jornalistas também pode ser acompanhada no endereço www.gazetadopovo.com.br/expedicaocaminhosdocampo (Gazeta do Povo)

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