CAMINHOS DO CAMPO II: O limite - Área ainda maior na safra 08/09

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Qual o limite de participação da soja transgênica nas lavouras do Paraná? A questão já não é tão difícil de responder. Produtores e pesquisadores estão, inclusive, invertendo a pergunta. O questionamento agora é: qual será o espaço do grão convencional? Sem medo de errar, o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, afirma que, na próxima safra, o grão GM deve ocupar 70% da área da cooperativa. A considerar que a Coamo responde por 25% da produção do estado, o dirigente acredita que o crescimento no Paraná será na mesma proporção. Para Amélio Dall'Agnol, da Embrapa Soja, em Londrina, a tendência é que o uso de semente transgênica chegue a um limite em torno de 70% nas próximas safras. Na cooperativa Agrária, em Guarapuava, as opções de variedades transgênicas triplicaram e a participação deve saltar de 17% para 25% no próximo plantio. Na Coamo, dos 12 novos materiais já apresentados este ano, apenas dois são convencionais.

Segregação pede recompensa maior  - O aumento da produção de soja geneticamente modificada dificulta a segregação e deixa o prêmio pago atualmente pelo grão convencional menos atraente. Na média, o comprador está pagando US$ 12 a mais por tonelada. Alguns negócios foram fechados a US$ 20. Na base, o agricultor recebe de R$ 1 a R$ 1,1 por saca. Para cobrir os custos de segregação e motivar o produtor, a cadeia produtiva cobra um reajuste nessa tabela. A Coamo, por exemplo, que neste ano deve segregar 720 mil toneladas, calcula que na próxima safra será preciso um prêmio de US$ 30. "Esse mercado está firme e consciente de que é preciso pagar mais para continuar a ter o produto diferenciado", diz Aroldo Gallassini, presidente da cooperativa, que nesta safra semeou 55% da sua área com soja GM.  

Coopagrícola - Anacleto Luis Ferri, gerente geral da Coopagrícola, com sede em Ponta Grossa, lembra que o prêmio de R$ 1 por saca de soja convencional não é uma oferta constante. "Hoje só há garantia de compensação pelo não uso da semente transgênica para quem possui acordo com o comprador ou vende soja rastreada, com certificado de origem", observa. A empresa dobrou a área de transgênico nesta safra, que agora chega a 82% dos 28 mil hectares cultivados pelos 330 associados.                                                                                                                                                                          

Castrolanda - A compensação pela soja convencional chega a R$ 2 a saca e é obtida regularmente na Castrolanda, de Castro, conta o gerente de cereais, Márcio Copacheski. No entanto, a produção com organismos geneticamente modificados fica em 2% dos 50,3 mil hectares plantados pelos 660 associados da cooperativa. Com proporção tão pequena, a separação do grão convencional exige menos esforço do que nas regiões onde o transgênico já ocupa mais da metade das plantações.                                                                                  

Fundação ABC - A opção pelo convencional, no entanto, não está relacionada só ao prêmio, que chega a R$ 2 por saca, frisa Copacheski. Os produtores plantam as sementes (transgênicas ou convencionais) indicadas pela Fundação ABC, que avalia a produtividade das novas variedades nos Campos Gerais antes avalizar o cultivo. "Aconselhamos os produtores a plantarem as sementes já avaliadas pela Fundação porque assim eles têm menos risco de quebra na produtividade", conta o agrônomo José Maurício Zanon.                                                                                                                                     O produtor Juliano Zanoni, de Ventania, é um dos que seguem as indicações da Fundação. Nesta safra, plantou 70 hectares de soja transgênica, num total de mil hectares. "Plantei para experimentar. A produtividade deve ser praticamente a mesma da convencional (cerca de 3,5 toneladas por hectare)."

Opção - Os produtores que enfrentam sérios problemas com as ervas daninhas optam pela soja transgênica, afirma o gerente da Coopagrícola. Ele conta que, nos municípios dos Campos Gerais, há regiões em que a soja geneticamente modificada não passa de 2% e outras em que chega perto de 100%. "No município de Palmeira, temos bem mais problemas com o mato, e os produtores plantam quase só a transgênica." Em sua avaliação, essa questão predomina sobre a influência do prêmio ao convencional. (Jornal Gazeta do Povo/Caminhos do Campo)

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