CARNE: Delícias suínas voltam ao pódium das celebridades
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O estímulo ao consumo da carne de suínos, medidas sanitárias e manejo do rebanho podem ser atenuantes para a crise que o setor enfrenta atualmente. Cerca de 65 mil toneladas do produto estão sendo colocadas no mercado, resultado do embargo da Rússia por causa da febre aftosa. Os suinocultores buscam apoio do governo, solicitando a inclusão da carne na merenda escolar e na alimentação dos quartéis. Medidas mais perenes reivindicam ações para controle sanitário, erradicação de doenças e manejo dos animais. O veterinário Mauro André Donin, de Santa Catarina, afirma que a aceitação do produto brasileiro no exterior depende de uma ação conjunta entre produtores, governo e indústrias. Segundo ele, o Brasil tem condições de produzir com a mesma qualidade da Dinamarca, referência mundial da suinocultura. Durante 30 dias Donin visitou granjas, frigoríficos e laboratórios dinamarqueses e voltou com a certeza de que a suinocultura brasileira consegue atingir o mesmo patamar. A erradicação da aftosa é a principal prioridade. Segundo Donin, o enfrentamento da doença exige do governo medidas como a instalação de barreiras entre os estados e o controle sanitário. O mesmo rigor, o veterinário exige dos produtores e cooperativas. O uso correto dos antibióticos é outro item que merece o empenho dos suinocultores. ''O Brasil precisa adotar os mesmos métodos dos europeus. Lá, os produtores só podem comprar antibióticos com prescrição veterinária'', diz.
Exigências - Atender o exigente mercado internacional requer medidas especiais. Segundo Donin, os compradores avaliam até as condições em que os animais são criados. ''O bem estar em todas as fases da criação interfere na qualidade da carne'', explica o veterinário. ''A ordem hoje é pensar nos direitos dos animais'', completa. Um produtor especializado garante ao rebanho o acesso livre à comida e água; espaço mínimo para o animal; acomodações adequadas para as fêmeas em gestação e cuidados na castração: o animal só pode se castrado sem anestesia até os sete dias de vida.
Rastreabilidade - A rastreabilidade é outra exigência dos compradores internacionais. A carne colocada em gôndolas de supermercados ou servida em restaurantes tem a procedência certificada, o que é garantia de qualidade. A mesma opinião tem Irineu Wessler, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS). ''Os produtores têm que fazer a lição de casa e a questão da sanidade deve ser trabalhada com seriedade'', sintetiza. Do governo ele cobra atenção às fronteiras da Argentina e Paraguai, e a disponibilização de técnicos para o atendimento aos produtores. A APS também sugere a mobilização para a regionalização das fronteiras. ''Se é detectado um foco de aftosa num estado ou região, o embargo deveria atingir somente aquela área e não o país inteiro'', exemplifica Wessler. ''O caso ocorrido numa única propriedade causa problema para todos'', diz. (Folha de Londrina)