CASTROLANDA: Leite vira o carro-chefe da Castrolanda
- Artigos em destaque na home: Nenhum
O leite derrubou a soja e se tornou, em 2007, o produto número 1 da Castrolanda, cooperativa que tem 670 associados na região de Castro, nos Campos Gerais. A mudança ocorreu não só pelo aumento da produção, que passou de 125,3 milhões para 139,9 milhões de litros ao ano, mas principalmente pela valorização do produto. Em 2006, os cooperados receberam em média R$ 0,58 por litro, valor que passou para R$ 0,79 no ano passado.
Produto responde por 18% da receita - O leite farto e valorizado permitiu que a Castrolanda encerrasse 2007 com movimento bruto de R$ 621,1 milhões - valor 25,7% maior que o do ano anterior. O produto foi responsável por 18% da receita. Logo atrás ficaram soja (14%), milho (11,4%), suínos (7,8%) e demais itens, que incluem insumos e serviços. No leite, o crescimento foi de 11,6% no volume e de 53% no valor. Na soja, a produção se manteve em 150 mil toneladas e o valor cresceu 5,6%. O volume do milho cresceu 21%, atingindo 245 mil toneladas, e o valor aumentou 10,6%.
Resultado Operacional - O movimento bruto de R$ 621 milhões trouxe resultado operacional de R$ 20 milhões. Apesar de a arrecadação ter aumentado, este valor se manteve na faixa de 3% do total. O quadro reflete a política da cooperativa de manter uma estrutura enxuta e cumprir seu papel de geração de valores e benefícios aos associados, explica o gerente corporativo, Marco Antonio Prado.
Redução de custos - Essa política consiste em garantir que o produtor melhore sua renda na redução de custos e na venda dos produtos. A divisão do resultado operacional entre os cooperados segue regras específicas. Cerca de R$ 9 milhões estão sendo distribuídos. Perto de R$ 5 milhões referem-se a sobras técnicas e bonificações, R$ 2 milhões passam a integrar o capital social e os outros R$ 2 milhões vão para crédito em conta (uma média de R$ 2,8 mil por associado). O gerente corporativo conta que a escalada do leite foi contemplada no planejamento da Castrolanda. A empresa vendeu as ações que detinha junto à indústria Batávia no ano passado e deve investir os R$ 52 milhões resultantes do negócio na Unidade de Beneficiamento de Leite que está construindo em Castro.
Renda estimula consumo - A valorização dos produtos agropecuários ocorreu pelo aumento da demanda, avalia Prado. "Com a melhora de renda, mais consumidores tiveram acesso aos derivados de leite e suínos no mercado interno." O aumento da produção de carne suína foi de 9,5%, para 25,2 mil toneladas, e a arrecadação cresceu 41%. Em relação aos grãos, ele atribui a valorização à decisão dos Estados Unidos de usar milho na produção de etanol. Soja e milho tiveram, no mercado paranaense, acréscimo maior que o aumento da arrecadação registrado pela Castrolanda. Segundo avaliação da organização das cooperativas paranaenses (Ocepar), o preço do milho subiu 52% e o da soja 41% em 2007. Os índices da cooperativa ficaram em 10,6% e 5,6%, respectivamente, porque o produtor vende a produção ao longo do ano, e nem sempre alcança os melhores preços, relata Prado. "No caso do leite, a venda é contínua e a diferença entre as médias tende a ser menor", compara.
Indústria passa por testes - A Unidade de Beneficiamento de Leite (UBL) da Castrolanda - que marca a volta da cooperativa ao setor industrial - está em fase de testes e deve começar a operar em fevereiro. O projeto é considerado a realização de um sonho dos cooperados. Nesta primeira fase, estão sendo investidos R$ 26 milhões. Já em março, devem ser processados 70% dos 450 mil litros de leite produzidos diariamente pelos associados.
Produtos - UBL vai produzir leite concentrado (evaporado) e creme de leite. Esses produtos podem ser estocados por mais tempo que o leite in natura e devem agregar maior valor na venda para outras indústrias de laticínios. Há previsão de mais investimentos ainda para esta década, que somam R$ 62 milhões. A UBL poderá receber mais de 1 milhão de litros de leite ao mês, o que permitirá aos cooperados da Castrolanda dobrar a produção atual. Após a conclusão do projeto, a cooperativa pretende oferecer industrializados como o leite em pó inclusive para o mercado externo. (JR) (Gazeta do Povo/Caminhos do Campo)