COMÉRCIO: BR e Argentina dizem que superaram conflitos e preparam missão à China

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O comércio entre Brasil e Argentina aparentemente superou o período de conflitos provocados pelas barreiras na troca de mercadorias e os dois países já discutem ações conjuntas de promoção comercial, a começar por uma missão de empresários para a China. Reunidos, nesta quinta-feira (25/03), o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, e o subsecretário de Política e Gestão Comercial do Ministério da Produção argentino, Eduardo Bianchi, garantiram que não há mais problemas de comércio em setores empresariais, apenas "questões pontuais" entre os dois países.

Tensões - A reunião entre as equipes dos governos do Brasil e Argentina não foi, porém, isenta de tensões. Barral insistiu, sem sucesso, na necessidade de acabar com o sistema de licenças automáticas para importação. E ambos os países temem o uso político de barreiras não tarifárias como ações antidumping ou investigações sobre normas de origem. As autoridades argentinas e brasileiras, depois da reunião, de manhã, em que discutiram o comércio bilateral, preferiram apontar os avanços, como a recente eliminação de licenças prévias para comércio de pneus. Não há previsão, porém, de nenhuma outra medida do gênero.

Setores - As duas equipes verificaram que, em alguns setores nos dois países, houve "desvio de comércio" - concorrentes de fora do Mercosul ocuparam fatias de mercado antes preenchidas pelos sócios do bloco. Foi o caso, segundo Barral, das vendas de móveis argentinos ao Brasil: eles representavam até 7% do mercado brasileiro de importados e, entre 2008 e 2009, passaram a 1%, enquanto os móveis da China passaram de 25% para 40% de participação no mercado.

Papel e malha - Os produtores brasileiros de papel viram sua fatia no mercado argentino cair de 34% para 30% no mesmo período, e a da China subir de 4% para 10%. Exportadores de malha fina do Brasil tinham 29% e têm, hoje, apenas 9%, mas os chineses que vendem o mesmo produto passaram de 56% do mercado para 78%. As autoridades do Brasil e da Argentina pretendem, nesta sexta-feira (26/03), analisar as razões da perda de participação nos mercados.

Custos - "Em alguns casos que notamos perda do lado argentino a razão foi aumento nos nossos custos, inclusive custos logísticos brasileiros, em outros casos, houve mudança no padrão de consumo, e ainda, o produto brasileiro recebeu tratamento que levou à perda de mercado", comentou Barral. "Tratamento", segundo o secretário, são as barreiras alfandegárias. Esses obstáculos serão discutidos com os representantes argentinos, que se disseram dispostos a mudar procedimentos, quando possível, para evitar discriminação contra os brasileiros. "Vamos analisar, pode ser competição, a demanda do mercado", disse Bianchi.

Oportunidades - Decididas a evitar uma escalada protecionista no comércio bilateral, as autoridades argentinas e brasileiras esperam identificar oportunidades no mercado chinês para a promoção comercial conjunta. Barral e Bianchi disseram acreditar que há possibilidade de trabalhar juntos para venda de produtos alimentícios, certos calçados mais sofisticados e máquinas para nichos específicos. "Esperamos que seja a primeira atividade de promoção conjunta, para replicá-la em outros mercados", anunciou Barral, que espera lançar a missão comercial no segundo semestre deste ano. (Valor Econômico)

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