COMMODITIES: Preço alto é alento contra câmbio valorizado
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Os preços relativamente altos de alguns dos principais produtos agrícolas exportados pelo Brasil minimizam o impacto do câmbio valorizado nas contas dos produtores, afirmaram analistas e um representante do setor. Mas, assumindo que o real continue nestes níveis, eles prevêem problemas graves nos próximos anos, com as cotações agrícolas retornando para perto das médias históricas, como normalmente ocorre nas commodities. “Estamos numa fase de preços internacionais bons para alguns produtos. (Mas) logicamente temos uma preocupação muito grande com o médio e longo prazo, porque acreditamos que os preços bons não se sustentam”, afirmou Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Ocepar. Pelos cálculos da Ocepar, o valor médio recebido pelo exportador brasileiro de soja este ano está em 270 dólares por tonelada, ante uma média nos últimos seis anos de 228 dólares. No caso do farelo, a diferença é também de 40 dólares por tonelada entre os valores deste ano e a média recente. O principal fator a impulsionar o preço dos grãos este ano foi a demanda aquecida nos Estados Unidos pro milho, para alimentar a crescente indústria de etanol.
Análise - Em médio e longo prazo, o câmbio baixo vai trazer prejuízo para as exportações brasileiras, especialmente soja e milho. Flávio Turra afirmou que quanto mais baixa for a taxa de câmbio, menos o produtor vai receber pelo seu produto.
Azul - Considerando que os valores voltem para o patamar médio, a Ocepar calcula que para as contas ficarem no azul seria preciso um câmbio de 2,21 reais no caso da soja e 2,81 no caso do milho. “Num determinado momento vamos ter problemas seríssimos, quando os preços internacionais vierem para perto da média histórica. Não vamos ter condições de competir”, disse Turra. “É importante tanto os produtores e entidade de representação busquem medidas que viabilizem a redução da carga tributária incidente sobre a agricultura brasileira”, completou Turra. “Se o preço do milho recuasse para o patamar vigente um ano, um ano e meio atrás, seria um desastre”, concordou Fábio Silveira, analista da RC Consultores. Turra vê problemas já no ano que vem no caso de os norte-americanos conseguirem obter uma safra de milho superior a 300 milhões de toneladas, o que seria suficiente para atender seu mercado interno e o mercado cativo de exportação.
Redução da taxa de juros - A redução da taxa de juros do crédito rural e os investimentos na agricultura são medidas importantes para viabilizar a atividade rural a médio e longo prazo, avalia o estudo da Ocepar. Também defende um programa muito forte de redução dos custos dce produção dos insumos utilizados na agricultura. “Hoje temos insumos com preços extremamente elevados e qualquer ação que venha reduzir esses preços e, automaticamente, os custos ao produtor, são sempre bem-vinda para dar competitividade ao produtor brasileiro”, disse Turra. (Com informações do Globo Online)