COROL:NOVOS RUMOS - Agroindustrialização dá fôlego às cooperativas
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Na avaliação do presidente da Corol, Eliseu de Paula, quando bem assessorado, produtor rural leva vantagem, na briga pelo mercado com as indústrias, por ser o dono da matéria-prima. Confira a opinião de Eliseu de Paula sobre agroindustralização na entrevista publicada na edição desta quarta-feira (23/11), no jornal Folha de Londrina:
Quatro em cada dez empregos gerados no Paraná em 2007 estão ligados à agroindústria. Diante desses números, fica difícil ignorar a importância do setor para a economia do Estado. A consequência é a mudança no cenário rural: produtores estão cada vez mais integrados à industrialização, ganhando competitividade no mercado com o produto pronto, e não apenas a matéria-prima.
Em entrevista à FOLHA, o presidente da Cooperativa Agroindustrial de Rolândia (Corol), Elizeu de Paula, analisa estas mudanças no campo, a relação entre produtores rurais e cooperativas, os incentivos do governo, e a questão do biocombustível, que vem atraindo cada vez mais a atenção dos produtores.
A agroindustrialização é caminho inevitável para as cooperativas?
A agroindustrialização é a solução para o setor cooperativo, e está sendo tardia. Deveria ter começado muito antes. O Brasil, lamentavelmente, não tem incentivos de agroindustrialização, prazos para liquidação de financiamento a longo prazo. Mas isso já está melhorando, facilitando a transformação do produto primário em produto pronto para o consumo. O agricultor, participando desta verticalização, passa a ser mais competitivo.
Esse produto industrializado que sai da cooperativa tem condições de brigar pelo mercado externo?
Tanto pelo mercado interno como pelo externo. Ele sai com qualidade, até com algumas vantagens. Como o produtor é dono da matéria-prima, o fôlego é melhor, porque não precisa bancar estoque. A cooperativa faz um adiantamento para o produtor custear a produção. Depois que é feita a industrialização e comercialização, apuramos o resultado e complementamos o pagamento do produtor. Isso é uma vantagem sobre qualquer indústria.
Mas o dólar baixo prejudica essa briga pelo mercado externo...
O dólar baixo anula muito resultado, com certeza. É um problema sério, mas ainda assim compensa exportar. Tem um limite, e vai chegar um ponto que vai ficar inviável. Por outro lado, o mercado mundial é muito dinâmico e inteligente. Ele também ajusta em dólar na outra ponta, porque precisa da matéria-prima. É o caso da soja, que está muito valorizada no mercado internacional. O mercado puxa para cima, porque precisa fazer produção na base.
O que o governo pode fazer para ajudar a controlar os preços e fortalecer a produção?
O governo precisa olhar impostos. As tributações indiretas, em máquinas e equipamentos, são caríssimas, elevando o custo de produção. Também é preciso abrir barreiras de importação de defensivos agrícolas, incetivar a produção de jazidas para fertilizantes. Precisamos ter políticas protecionistas também, porque o mundo inteiro se protege.
Voltando a falar do cooperativismo, o senhor acredita que o agricultor que não se filia a uma cooperativa consegue sobreviver no mercado?
Quem está no sistema cooperativo tem liquidez, rentabilidade, está bem protegido. Quem não está dentro do sistema consegue sobreviver também. Ele está no mercado, compra, vende. Tem espaço para todo mundo, mas é claro que quem adere ao cooperativismo tem diferenças de melhor produtividade, mais assistência técnica, maior diversificação de atividades.
Existem algumas críticas com relação à visão empresarial que as cooperativas adquiriram, deixando de lado a preocupação com os produtores. Como o senhor encara isso?
São críticas infundadas. A cooperativa tem mesmo que se profissionalizar, não pode ter paternalismo. Não existe mais aquele modelo em que a cooperativa faz tudo pelo cooperado, com o ônus muito grande em cima do todo. Hoje as cooperativas estão muito profissionais, eficientes, buscando competitividade, custo baixo, e trazendo resultado para o produtor.
E a questão dos biocombustíveis, existe um incentivo aos associados para optar pela produção de energias alternativas?
É uma atividade rentável plantar cana para fazer o álcool e o açúcar, gerando energias alternativas e outras riquezas ligadas ao setor sucroalcooleiro. O biocombustível é uma atividade muito boa, considerando as riquezas que temos na região. Tanto é que nossa usina dobrou de capacidade este ano e tem cada vez mais cooperados querendo plantar cana.
Essa ''corrida'' pela cana não pode prejudicar a produção de outros alimentos?
Nossa região é muito diversificada. Tem produtor de cana, laranja, soja. Não vai prejudicar a produção de outros alimentos, pelo contrário. A cana-de-açúcar gera riqueza ambiental. Tem captação de carbono e liberação de oxigênio dez vezes maior que qualquer outra atividade. O solo fica mais fértil, porque é mais bem calcareado, lixivia melhor. Aquele conceito de que a cana degrada o solo é totalmente inverso.
(Fonte: Folha de Londrina)