COTONICULTURA: Algodão GM pode impulsionar a retomada da cultura no Paraná
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A chegada de uma variedade transgênica resistente a pragas e a possível liberação comercial de outras versões geneticamente modificadas (GM) de algodão pode devolver ao Paraná a auto-suficiência na produção da fibra. "O estado já foi o maior produtor de algodão do País e agora pode retomar sua produção devido aos benefícios das variedades GM", avalia Alda Lerayer, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
Produtores - Na avaliação do presidente da Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar), Almir Montecelli, a expectativa acerca do algodão GM está animando os produtores do estado, que enfrentaram muitas dificuldades com o manejo de pragas nos últimos 20 anos. "Os pequenos cotonicultores são os principais beneficiados com a variedade transgênica resistente a insetos, porque eles enfrentam maiores dificuldades técnicas e falta de pessoal especializado para combater as pragas", ressalta Montecelli, que preside também a Cooperativa Central de Algodão (Coceal).
Retomada - Como a maior parte dos 10,6 mil hectares plantados com algodão no estado na safra 2006/2007 foi cultivada por pequenos agricultores, Montecelli acredita que a introdução de variedades GM será decisiva para a retomada da cultura no Paraná. "Na Índia, na China e agora no norte de Minas Gerais, os pequenos produtores expandiram a produção após a introdução de variedades GM", explica ele. Para atender a demanda das indústrias têxteis locais, o presidente da Acopar estima serem necessários cerca de 70 mil hectares de algodão convencional. O algodão Bt, resistente a lagartas, é a única variedade GM liberada comercialmente no País e começará a ser plantada no Paraná na safra 2007/2008.
Retorno ao algodão - Analisando os números da última safra de algodão, quando o Paraná respondeu por apenas 0,7% da produção brasileira, é difícil acreditar que o estado já foi o maior produtor do País. Das 3,9 milhões de toneladas de algodão em caroço produzidas no Brasil na safra 2006/2007, apenas 28 mil toneladas foram colhidas pelos paranaenses, segundo as estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Produção - Há cerca de 20 anos, o Paraná chegou a produzir um milhão de toneladas de algodão em uma única safra. No início dos anos 90, o campo paranaense atingiu uma participação de mais de 45% na safra brasileira de algodão em caroço. O estado também plantou 709 mil hectares de algodão na safra 1990/1991, bem acima da área de 542 mil hectares cultivados na última safra pelo maior estado produtor da atualidade, o Mato Grosso. No ciclo agrícola 1990/1991, o estado do Centro-Oeste plantava apenas 71 mil hectares.
Queda - Contudo, os desafios do mercado globalizado, a crise de preços da década de 90, o aumento no custo com mão-de-obra e a dificuldade em lidar com as pragas da lavoura levaram a um declínio vertiginoso da cotonicultura paranaense. "Diante dessas dificuldades, os produtores migraram para o milho e a soja. Mas o algodão volta a ser atraente com a adoção de novas tecnologias, nas quais se incluem a mecanização de médias propriedades e o potencial da produção adensada, além dos transgênicos", pontua Montecelli.
Outras informações - O consumo mundial de algodão cresceu pelo segundo ano consecutivo, de acordo com estatísticas do Cotton Council International (CCI), atingindo 8,2 milhões de fardos em 2006 - 7,5% a mais que em 2005. No Brasil, a área cultivada de algodão na safra 2006/2007 foi 22% maior que a anterior, alcançando 1,05 milhão de hectares (10% desse total com variedades transgênicas).
Sobre o CIB - O Conselho de Informações Sobre Biotecnologia (CIB) é uma organização não-governamental, cujo objetivo básico é divulgar informações técnico-científicas sobre biotecnologia e seus benefícios, aumentando a familiaridade de todos os setores da sociedade com o tema. Para estabelecer-se como fonte segura de informações para jornalistas, pesquisadores, empresas e instituições interessadas em biotecnologia, o CIB dispõe de um grupo de conselheiros formado por mais de 70 especialistas - cientistas e profissionais liberais, em sua maioria - ligados a instituições que estudam as diferentes áreas dessa ciência. Visite os sites www.cib.org.br e www.biotecpragalera.org.br. (Imprensa CIB)