CRÉDITO DE CARBONO: Dissertação de Mestrado foca cooperativas paranaenses
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"Identificar as oportunidades e mecanismos de desenvolvimento limpo para o mercado de crédito de carbono nas cooperativas agropecuárias paranaenses", este foi o tema da dissertação de Mestrado em Meio Ambiente Urbano e Industrial, elaborada pelo engenheiro agrônomo e consultor ambiental da Fiep, Marcos Pupo Thiesen, trabalho este iniciado em 2008 e apresentado à Universidade Federal do Paraná, Senai /PR e Universidade de Stuttgart, Alemanha recentemente. Marcos teve com orientadores os professores Andreas Friedrich Grauer e Mauricy Kawano. A publicação foi entregue na manhã desta sexta-feira (08/10) por Marcos Pupo Thiesen, ao presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski. "Um excelente trabalho de pesquisa acadêmica e que será de muito proveito para o setor cooperativista paranaense, especialmente sobre um tema de tanto interesse que é a questão ambiental", frisou Koslovski.
Objetivos - "O combate ao aquecimento global é o grande desafio da humanidade nas próximas décadas. Algumas empresas vêm desenvolvendo projetos para reduzirem suas emissões de gases de efeito estufa e visualizam a possibilidade de aumentar suas receitas através da venda de créditos de carbono. Dentro deste contexto é que realizamos uma pesquisa, com o apoio da Ocepar, junto a cooperativas agropecuárias do Paraná, com o intuito de detectar oportunidades no mercado de carbono", frisou Marcos Thiesen ao justificar sua tese.
Questionário - A pesquisa foi realizada através da aplicação de um questionário para 25 cooperativas que integram o Fórum de Meio Ambiente, das quais, 19 responderam. Segundo Thiesen, "os resultados obtidos apresentaram um panorama das cooperativas frente ao mercado de carbono e servirão de base para avaliação da viabilidade de implantação de projetos de carbono nas diversas tipologias estudadas. As oportunidades mais relevantes apresentadas na pesquisa foram a geração de energia renovável, o manejo de dejetos na suinocultura e os sistemas de tratamento de efluentes", lembrou.
Pesquisa - Segundo levantamentos realizados por Marcos Thiesen, destaca-se o fato de que 74% das cooperativas pesquisadas identificam o reflorestamento como maior potencial de obtenção de crédito de carbono. Em segundo, com aproximadamente 58%, o manejo de dejetos e em terceiro, com 47%, os resíduos e a energia renovável, seguidos por eficiência energética e substituição de combustível fóssil.
Intenção - A pesquisa também perguntou se as cooperativas estavam dispostas a desenvolver projeto de crédito de carbono. Segundo o levantamento, 79% disseram que sim e apenas 21% não. Segundo Marcos, os principais motivos das cooperativas não estarem dispostas a entrar nesses projetos, decorre do comportamento do mercado não dispor de instrumentos atrativos para a agroindústria, custos, riscos e demais motivos. Das cooperativas que relacionaram outros motivos para não aceitar a proposta, Thiesen afirma que a principal preocupação está na "insegurança em relação a continuidade pós 2012 protocolo de Kioto, especialmente pelo fato das negociações de Compenhague terem sido quase nulas sobre a decisão mundial em reduzir as emissões de gases. A expectativa fica agora pelo COP 16, que acontece em dezembro, em Cancun, no México", frisou.
Pioneirismo - Outro ponto curioso levantado por Marcos Thiesen, é que a primeira cooperativa do Paraná a desenvolver um projeto de crédito de carbono foi a Cooperativa de Eletrificação Rural (Eletrorural), com sede em Castro. Proprietária da Pesqueiro Energia S.A. em sociedade com a Cooperativa de Eletrificação Rural de Arapoti (Ceral) e uma cooperativa paulista (Ceripa). A Eletrorural já realizou comércio de crédito de carbono através do projeto de geração de energia de uma pequena central hidrelétrica (PCH), localizada em Jaguariaíva, Paraná.
Outros projetos - Conforme levantamento realizado pelo mestrando, algumas cooperativas paranaenses já desenvolveram ou estão desenvolvendo projetos de crédito de carbono, como é o caso da Copagril, de Marechal Cândido Rondon, C.Vale, de Palotina e Copacol, de Cafelândia que desenvolvem um projeto piloto de MDL Florestal em parceria com a OCB e da cooperativa Lar, de Medianeira, juntamente com a Itaipu Binacional na geração de energia elétrica de efluentes de sua unidade industrial. Marcos destaca também o fato de ter sido constituída no Paraná a primeira cooperativa para o setor, a Cooperativa de Produtores Familiares de Crédito de Carbono (Coopercarbono), com sede em Loanda, região Noroeste do Paraná.
Fórum - Segundo Silvio Krinski, analista técnico em meio ambiente do Sistema Ocepar, o resultado deste trabalho será apresentado a todos os integrantes do Fórum de Meio Ambiente, durante evento que acontecerá no mês de novembro em data e local a ser confirmado. "Já convidamos Marcos Thiesen para participar do próximo Fórum, quando apresentará os resultados da sua tese de mestrado e que será de muita utilidade para nosso trabalho na questão de MDL", ressaltou Krinski.