CRISE FINANCEIRA I: Para Koslovski crise exige muita cautela

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Durante entrevista ao informe Paraná Cooperativo na manhã desta quinta-feira (16/10), o presidente do Sistema Ocepar lembrou que o momento vivido pelo mercado financeiro mundial exige muita cautela por parte das cooperativas. "É fundamental que haja neste momento muito cuidado. Aqueles investimentos de médio e longo prazo que estavam previstos, precisam ser revistos, sem trauma, com tranqüilidade, pois é preciso reduzir os custos naquilo que for possível pois estamos vivenciando uma crise internacional e que certamente terá reflexos para toda economia brasileira", argumenta.

Recado - Koslovski lembra que "ter cautela" foi justamente o recado que os analistas deram durante o Fórum Financeiro e o Fórum dos Presidentes, eventos realizados recentemente pela Ocepar com o objetivo de discutir a crise internacional e os seus reflexos na economia brasileira.  "A economia brasileira está numa boa situação, em relação ao controle de inflação e reservas, mas é evidente que precisamos ter muita cautela neste momento, evitando precipitar-se em relação a novos investimentos. Vamos aguardar um equilíbrio desta crise para que possamos retomar a todo vapor aqueles investimentos que foram projetados. Sabemos que o momento é delicado, mas é importante ter tranqüilidade para enfrentá-la e sairmos lá na frente com vantagens, porque o Brasil hoje está muito mais preparado que alguns anos atrás", orienta o dirigente.

Preocupações - Para Koslovski, as medidas que o governo vem adotando para minimizar os reflexos da crise financeira mundial na economia brasileira são positivas, mas segundo ele há algumas questões que ainda preocupam o setor produtivo: "A primeira delas é a retração no aporte de recursos para crédito rural. Além disso, as renovações e novas contratações estão vindo com um custo financeiro mais elevado, o que prejudica o setor produtivo, uma vez que aumenta os custos". De acordo com Koslovski, outra situação que preocupa é a retração no consumo em países onde a crise está mais grave, como é o caso dos Estados Unidos, Europa e Japão.  "Isto pode ser prejudicial ao setor produtivo brasileiro, em especial as nossas exportações", afirma.

Apoio do governo - Na opinião do dirigente, neste momento de crise, mais do que nunca o governo precisa dar todo suporte necessário ao setor produtivo. "O agronegócio tem condições de responder rapidamente se for apoiado adequadamente", ressalta. Ele avalia como positiva a iniciativa do governo em aumentar os limites de das exigibilidades dos bancos para aplicação de recursos em crédito rural, medida que alavancou mais R$ 5,5 bilhões para o crédito rural. "No entanto, é importante lembrar que o governo destinou no último Plano Safra, R$ 78 bilhões para a agricultura, dos quais apenas R$ 45 bilhões são a crédito controlado. Sem falar que o setor produtivo havia defendido um total de R$ 120 bilhões para o Plano Safra, o que significa que temos um déficit de crédito ainda.  Plantamos uma safra com um custo alto, principalmente em função do aumento dos fertilizantes. Em algumas culturas o peso deste insumo no custo de produção chega de 26% a 30% dependendo da  região. E com a queda dos preços internacionais que no caso da soja e milho já chegam, em média, a 40% nos últimos três meses na Bolsa de Chicago, o cenário evidencia que teremos um preço ainda menor", diz.

Recursos garantidos - Em relação às medidas que o governo vem adotando para auxiliar os bancos, inclusive, com a liberação de R$ 100 bilhões de compulsórios, Koslovski diz que é importante que uma parte desses recursos seja "carimbado" para o setor produtivo. "Precisamos ter essa garantia, ou seja, de que os agentes financeiros possam emprestar ou renovar as operações com o setor produtivo, caso contrário, haverá uma parada na engrenagem, o que pode ter como conseqüência uma retratação interna, com prejuízos na geração de emprego e se alastrando para todos os outros setores da economia brasileira", alerta o dirigente.

Comercialização - Além disso, Koslovski ressalta que a agricultura precisa de aporte de recursos para capital de giro e comercialização, inclusive para manter o atual nível de exportação. "O Brasil conquistou um espaço grande no comércio mundial. O agronegócio é o setor que mais está contribuindo para o superávit da Balança Comercial. Também precisamos que sejam alocados recursos para capital de giro para que tenhamos uma continuidade no processo de comercialização, principalmente no varejo, evitando com isso uma retração no consumo de alimentos", comenta.

BNDES - Além da liberação de recursos dos compulsórios, Koslovski ressalta que é importante que ocorra um aporte de recursos maior ao BNDEs, que é o grande financiador do setor produtivo. "Temos alguns investimentos que estão em andamento nas cooperativas e que não podem ser paralisados. Portanto, é fundamental que haja um aporte de recursos no BNDES para que se dê continuidade aos investimentos, garantindo o término das obras que estão acontecendo", defende Koslovski.

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