DIAGNÓSTICO: Países árabes são fundamentais para a produção de fertilizantes
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Os países árabes são parceiros fundamentais para atender a demanda crescente por matéria-prima para a produção de fertilizantes. A afirmação é do agrônomo Ali Saab, da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que acaba de divulgar um estudo que faz um diagnóstico do setor de fertilizantes no Brasil, levando em conta a oferta, a demanda, os preços e a concentração da produção. O estudo estima que o país consumirá 30,6 milhões de toneladas de fertilizantes em 2016. Desse total, cerca de 21,3 milhões de toneladas serão importadas.
Produtores - "Marrocos, Argélia, Tunísia, Síria, Jordânia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos estão entre os mais importantes produtores mundiais de matéria-prima de fertilizantes", destaca o assessor da AGE. De acordo com Saab, em termos de reservas de fósforo, ou rocha fosfática, muito utilizada na fabricação de adubos, o Marrocos é o líder mundial com 21 bilhões de toneladas de reservas. A Jordânia detém 1,7 bilhão de toneladas, a Síria 800 milhões de toneladas, o Egito 700 milhões de toneladas e a Tunísia 600 milhões de toneladas.
Marrocos - "Ou seja, 50% das reservas mundiais de fósforo estão nos países árabes. O que os torna importantes parceiros e fornecedores de matéria-prima para o Brasil", avalia Saab. Segundo ele, além de líder mundial em reserva de fósforo, o Marrocos também é grande produtor de ácido sulfúrico, com produção de 11 milhões de toneladas.
Emirados Árabes - Outro exemplo citado por Saab é o enxofre, matéria-prima fundamental para produzir ácido-fosfórico, muito utilizado na composição de fertilizantes. A Arábia Saudita produz 2,7 milhões de toneladas de enxofre. Já os Emirados Árabes produzem 2,06 milhões de toneladas. Esses três países são responsáveis por 10% da produção de enxofre mundial. Como o Brasil não produz enxofre isso os torna importantes parceiros do país", garante. "Já sob ponto de vista de reservas de potássio, a Jordânia tem 580 milhões de toneladas e está começando a fornecer potássio para o Brasil", completa o assessor.
Mercado brasileiro - O Brasil consumiu cerca de 24,5 milhões de toneladas de fertilizantes em 2007. No entanto, a produção nacional foi de apenas 9 milhões de toneladas. Além disso, o país produz apenas 10% do potássio que consome e Sergipe é o único estado produtor deste mineral. "O fosfato é um mineral abundante no Brasil, mas há mais de 10 anos não são concedidas licenças de lavra para a exploração dele", destaca Saab.
Consumo- Segundo dados das indústrias do setor de fertilizantes, soja, milho, cana-de-açúcar e café são as culturas que mais utilizam fertilizantes no Brasil. Entre os estados, Mato Grosso é o maior consumidor, com cerca de 16,5% da demanda nacional, seguido de São Paulo (15,6%), Paraná (14,1%), Minas Gerais (12,3%), Rio Grande do Sul (11,3%), Goiás (9,0%) e Bahia (6,3%).
Preços - A pesquisa do Mapa chama a atenção para o aumento de preços das matérias-primas básicas para a produção de fertilizantes, como uréia, sulfato de amônia, cloreto de potássio e superfosfato simples. De acordo com o estudo, os reajustes nos preços de importação de cloreto de potássio e de sulfato de amônia foram de 80% no ano passado e os valores dos superfosfatos simples chegaram a 95%.
Impacto - Ainda em relação à alta de preços dos fertilizantes, o estudo também adverte sobre a interferência, no setor, dos aumentos futuros do petróleo, bem como o impacto do aumento da demanda internacional. "Esses aumentos incidirão tanto nas matérias-primas como nos custos do transporte marítimo e rodoviário", alerta Saab. Ele prevê que o impacto será negativo no saldo da balança comercial, que as despesas com importação desses insumos e de matérias-primas serão da ordem de US$ 8 bilhões em 2016.
Concentração - A análise dos dados chama a atenção para a existência de matérias-primas cuja produção está concentrada nas mãos de um número reduzindo de empresas, chegando em vários casos a 100% da produção nas mãos de um único grupo. E são três as empresas que comercializam os fertilizantes no país, denotando "uma alta concentração acionária no setor produtivo de fertilizantes, no qual a tomada de decisão está concentrada nas mãos de três grandes grupos (Bunge, Mosaic e Yara)", afirma Saab.
Capacidade interna - O estudo destaca ainda a importância de aumentar a produção interna de fertilizantes. Para Saab, este aumento da capacidade traria enormes benefícios para a competição no mercado consumidor. "O setor cooperativo e demais organizações dos produtores têm condições de levar a cabo tal empreendimento", completa. Segundo o agrônomo, o Mapa está estudando a possibilidade de facilitar a montagem de fábricas de fertilizantes pelas cooperativas, providenciando linhas de financiamento específicas para a compra de bens de capital e custeio também para importação de matéria-prima. (Agência de Notícias Brasil-Árabe)