EXPERIÊNCIA: Pesquisador diz que é possível mecanizar o café adensado
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Depois do adensamento dos cafezais como forma de aumentar a produtividade média por área e sobreviver na atividade, uma tendência que se mostra cada vez mais forte é a da mecanização do cafezal, segundo o geneticista do Iapar, Tumoru Sera, especialista em café. Ele diz que é possível mecanizar todas as práticas adotadas no manejo do café adensado até à colheita, conforme exemplo prático em sua propriedade particular, “basta apenas desenvolver mais algumas pesquisas”, ressalta. Ele possui 15 hectares com café em Congonhinhas, perto de Cornélio Procópio, no Norte Pioneiro do Paraná. “O trabalho que desenvolvi em minha propriedade é uma experiência informal, adaptada às minhas necessidades, mas isso mostra que há tecnologia para o adensamento mecanizado”, afirma Sera. Seu cafezal foi implantado com dois a dois metros e meio entre fileiras e uma distância variável entre plantas, na linha, de acordo com a variedade. Mas o adensamento não impediu que todo o manejo fosse mecanizado.
Podas - Ele ressalta que para isso é preciso conduzir o cafezal com podas a cada dois ou três anos, até mesmo para que as plantas se mantenham produtivas e facilite o controle de pragas e doenças, para manter o cafezal com boa ventilação e luminosidade, além de facilitar o trabalho na colheita. Criado o ambiente favorável, o pesquisador adquiriu alguns equipamentos portáteis, mais baratos, fez adaptações em outros, atendendo a suas necessidades na propriedade, e mecanizou tudo.
Derriçadeira - Utilizando uma derriçadeira portátil, por exemplo, Sera reduziu de 50% a 75% os gastos na colheita, que é feita no pano para garantir a qualidade do produto. Eliminou a arruação antes da colheita utilizando um atomizador costal como soprador, que tira as folhas e demais sujeiras de debaixo da saia do cafezal, jogando-a na linha do meio. Daí, com um pequeno trator e uma roçadeira dianteira, tritura as folhas usadas depois como cobertura morta. Mesmo destino tem os galhos e folhas das podas feitas. Tudo é moído com a roçadeira e se transforma em adubo orgânico. Com um atomizador adaptado e um micro-trator, Sera leva hoje três dias para pulverizar toda a lavoura, enquanto que antes, com o pulverizador costal, levava quase que um mês para executar a tarefa. A adubação orgânica, antes extremamente trabalhosa, foi bastante facilitada com o uso do micro-trator tracionando uma carreta para três mil litros, enquanto os trabalhadores vão distribuindo o adubo. Antes era necessário mais de uma semana para adubar um hectare, trabalho hoje feito em dois dias.
Visão - “Não é por ser uma atividade familiar que a pequena propriedade pode adotar uma visão extrativista para o café. Tem que se trabalhar com uma visão empresarial, usando todos os recursos tecnológicos disponíveis para ganhar com a atividade mesmo quando o preço do café estiver ruim. Aí inclui cuidados desde o plantio, como o uso do espaçamento correto de acordo com a variedade escolhida, bom manejo do solo e das plantas até colher na hora certa e fazer um bom trabalho de secagem. Tem que ser café tecnológico”, ressalta Sera. (Flamma Comunicação)