Fórum I: Alca: negociador deverá adotar posição dura

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Ao abrir, ontem (5.06), o Fórum de Discussões: “Negociações Agrícolas Internacionais”, o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, chamou a atenção para a necessidade do Brasil preparar profissionais competentes para enfrentar as duras negociações internacionais, em especial com relação a ALCA – Área de Livre Comércio das Américas. Como exemplo, Koslovski citou entrevista à revista Exame do mês de maio, concedida pela ex-assessora econômica do ex-presidente Bill Clinton, Laura Tyson, que foi responsável também pelos acordos comerciais internacionais. Laura transferiu sua experiência no livro “Who”s Bashing Whom?”, ou “Quem está pegando quem?”, que está em sua sétima edição no Brasil. Os trechos transcritos adiante mostram o quanto devem ser duros os negociadores, pois o outro lado sempre vai estar muito preparado para jogar pesado. Veja,nos próximos três parágrafosalguns dos trechos desta entrevista:

Lobbies e pressão - “Quanto o assunto é comércio, os negociadores continuam tão duros como sempre foram. Nos Estados Unidos, a política comercial externa é definida a partir das necessidades do setor produtivo, especialmente o industrial, e não o Estado, ou seja, estamos falando de lobbies e de pressão sobre o Congresso e o Executivo”.

Dura e agressiva - “A proteção à agricultura, por exemplo, não é muito popular. A posição americana é errada, e muitas de suas políticas violam as determinações da Organização Mundial do Comércio (OMC). É preciso aproveitar essa desvantagem. Da a importância da agricultura para a economia brasileira, eu recomendaria uma negociação extremamente dura e agressiva. A mesma coisa acontece no caso do aço. Só que os negociadores têm de estar preparados para longas batalhas jurídicas e pesadas discussões”.

Não abrir espaço - “Qualquer que seja a orientação política da Casa Branca, há um forte consenso em defender o espaço econômico americano. Não abrir espaço a estrangeiros foi e continua sendo um lema. Há também questões trabalhistas e de proteção ao emprego, e os sindicatos deverão fazer uma pressão cada vez maior para impedir a entrada tanto de trabalhadores quanto de produtos estrangeiros nos Estados Unidos”.

Prestígio – Também participaram da abertura do Fórum no auditório da Ocepar, além dos 110 inscritos, o secretário da Agricultura e vice-governador, Orlando Pessuti, o presidente da Faep, Ágide Meneguette, o delegado do MAPA no Paraná, Valmir Kovalevski, o vice-presidente da OCB, Luiz Roberto Baggio e o representante do Fórum Permanente de Negociações Internacionais, Antônio Donizeti Beraldo da CNA e diversas lideranças setoriais.

Proposta – Durante seu pronunciamento, o secretário Orlando Pessuti fez questão de ressaltar o importante desempenho do agronegócio no Paraná e aproveitou para lançar uma idéia. Que venha ser constituída uma grande frente, com a participação de todas as entidades do setor, para negociar com o mercado internacional. De imediato a sugestão foi acatada pelo presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski que sugeriu que esta frente fosse coordenada pelo próprio secretário.

Antenados - Para o presidente da FAEP, Ágide Meneguette, "hoje os produtores rurais estão antenados com o que se passa no mundo, porque se conscientizaram que fazem parte de um mercado globalizado". Conscientizaram-se que, além de produzir melhor, com qualidade, com produtividade e custos compatíveis, precisam de infra-estrutura em ordem e barata para que possam competir internacionalmente. Entendem que o câmbio é um componente vital na sua atividade, mesmo que eles produzam para o mercado interno. "É justamente porque precisamos ser competitivos e porque algumas das regras basilares do comércio internacional não estão sendo obedecidas pelos países desenvolvidos, é que as negociações internacionais também passaram a fazer parte das preocupações dos nossos produtores", afirmou Meneguette, defendendo um combate ao protecionismo e ao subsídio dos países mais ricos.

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