Governo promete R$ 1 bilhão para rolagem da dívida
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O governo federal decidiu tomar uma medida concreta para auxiliar a renegociação das dívidas de produtores rurais com seus credores privados. Para isso, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) anunciará, no próximo dia 2 de junho, a criação de uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para refinanciar débitos de produtores com tradings e indústrias de insumos como agrotóxicos, fertilizantes e máquinas. A nova linha prevê a aquisição pelos bancos, com um deságio de 9,75% (TJLP), dos títulos de crédito dos produtores em poder das empresas. Em um segundo momento, os bancos emprestarão aos produtores o valor de face dos títulos, descontado o deságio, a uma taxa de juros anual de TJLP menos 1% - hoje, a taxa seria de 8,75% ao ano, mesmo juro do crédito rural de custeio. Estão incluídos títulos como notas promissórias, duplicatas e Cédulas do Produto Rural (CPRs). A linha terá recursos do FAT e refinanciará as dívidas por até 24 meses por meio de desembolsos anuais, conforme a capacidade financeira individual. Os bancos terão até 31 de outubro para receber as propostas de refinanciamento.
Produtores da área de emergência - Serão beneficiados os produtores de municípios reconhecidos pelo governo como áreas de emergência ou calamidade púbica por causa da seca. A medida valeria apenas para produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Pela proposta, um pedaço das dívidas seria "trocado" no mercado por novos papéis com prazos mais longos, entre dois ou três anos. Primeiro, os produtores emitiriam novos títulos de garantia para substituir os atuais papéis. Depois, bancos e empresas lançariam no mercado LCAs e CDCAs lastreados nesses novos títulos para refinanciar as dívidas. Nesse caso, os produtores pagariam juros de mercado para entrar na renegociação. Hoje, os juros para captar recursos com uma CPR, por exemplo, podem chegar a 24%. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, calcula em R$ 6 bilhões o volume total de CPRs de "gaveta" (sem aval oficial) emitidas pelos produtores. Segundo ele, o BB já lançou, por iniciativa própria, mais de R$ 50 milhões em LCAs lastreadas em títulos emitidos por sua clientela. (Valor Econômico).
Emergência – Até o momento, 123 municípios do Paraná decretaram estado de emergência por causa das perdas com a estiagem e 23 já obtiveram o reconhecimento desse estado pelo governo federal, dando direito aos seus agricultores buscarem recursos de programas especiais de refinanciamento de suas dívidas.
Demissões de metalúrgicos – A crise do campo já afeta a agroindústria. As confederações nacionais dos metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) e da Força Sindical farão reunião nesta segunda-feira (23) com a diretoria do BNDES no Rio, com objetivo de discutir a situação das fábricas de máquinas e implementos agrícolas, que, entre outubro do ano passado e abril deste ano, demitiram cerca de 4.500 em todo o País. A CNM/CUT já se reuniu com representantes da diretoria da Abimaq (que representa cerca de 60% do setor) e da ANFAVEA (representa cerca de 30% do setor, entre elas empresas como CNH - Case New Holland, AGCO, John Deere, Valtra e Komatsu) para fazer um diagnóstico do setor.
Sinal da crise - A Agrishow de Ribeirão Preto deste ano deve negociar R$ 760 milhões, 40% menos do que o R$ 1,29 bilhão de 2004, segundo estimativa de Sergio Magalhães, presidente do Sistema Agrishow. O recuo deve-se ao momento difícil para importantes culturas, como soja, milho, algodão, trigo e arroz. A atual crise da agricultura faz a indústria de implementos e máquinas agrícolas voltar aos patamares de mercado de 2003. É o caso da Montana, que produz pulverizadores agrícolas no Paraná e que, durante a Agrishow 2005, deverá ter o mesmo resultado de vendas de 2003, mas 70% inferior ao de 2004.