IMIN 100 II: A presença japonesa no cooperativismo brasileiro e paranaense
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Os japoneses também foram pioneiros no cooperativismo brasileiro, através da cooperativa Cotia, constituída no município paulista de Cotia, em 27 de dezembro de 1927 como "Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada de Produtores de Batata em Cotia Sociedade Anônima". Mas passaria a atuar em vários Estados onde havia imigrantes japoneses, atuando com dezenas de produtos. Para isso foram instalados escritórios regionais e lojas de compra e venda de produtos e insumos. No Paraná, começou a funcionar em Londrina no dia 18 de maio de 1953, com um posto de vendas, transformado em depósito regional no ano seguinte. Nessa época, instalou-se também em Carlópolis. O motivo da vinda para o Paraná foi a escassez de milho nas regiões paulistas onde atuava. Veio buscar a produção do norte do Paraná para suprir os aviários de cooperados, especialmente os localizados na região de Bastos. A Cotia Norte Paraná se expandiu por vários municípios onde havia agricultores de origem japonesa e no ano de 1966 posicionava-se como a cooperativa regional de maior movimento do sistema Cotia, recebendo 44% de toda a soja e 68% de todo o trigo.
Renda extra inesperada - Ficou amplamente conhecido um fato relacionado com decisão de montagem da máquina de beneficiamento do café, através do depósito regional de Londrina, em 1958. Até então, ao entregarem uma saca de 40 quilos de café para beneficiamento, os produtores recebiam dos maquinistas apenas 20 quilos do produto. O primeiro lote de café beneficiado na máquina da cooperativa, em junho de 1959, de 154.622 sacas, propiciou uma renda extra de 3,08 quilos por saca sobre o que recebiam antes. "Esse resultado, que pôs em evidência os prejuízos causados pelos beneficiadores intermediários, levou para a cooperativa um número grande de produtores, que a ela se associaram", afirma Dráuzio Leme Padilha no livro "CAC, cooperativismo que deu certo".
Regionais - No Paraná, a Cotia atuou através de duas cooperativas e 20 regionais, com dezenas de entrepostos para compra dos mais variados produtos dos associados e venda dos insumos demandados na produção. Café, algodão, rami e uva itália estavam entre os produtos recebidos pela Cotia Norte do Paraná, com sede em Londrina e atuação até o extremo oeste. A Cotia Sul Paraná, com sede em Curitiba, tinha como área de ação dezenas de municípios da Região Metropolitana de Curitiba e dos Campos Gerais (Castro, Ponta Grossa e outros município), onde atuou no apoio aos produtores cereais, de batata, frutas e outros hortifrutigranjeiros.
Ressurgimento - A cooperativa central Cotia não sobreviveu à crise que se abateu sobre o setor agropecuário nos anos 80 e 90, sendo liquidada em 1994. Isso inviabilizou também as suas cooperativas associadas em todo o Brasil, duas das quais no Paraná: Cotia Norte e Cotia Sul. No entanto, os japoneses e seus descendentes não sabiam viver fora do cooperativismo e, em seguida, constituíram cooperativas independentes, integradas também por agricultores com origens étnicas diversas. Assim, no Paraná surgiram as cooperativas Cooperponta, em Ponta Grossa; Unicastro, em Castro; Integrada, em Londrina e Cocamp em Palmas. Elas passaram a atuar basicamente com os mesmos produtos e nas mesmas regiões onde atuavam as regionais da Cotia. Muitas vezes arrendaram os armazéns e sedes que eram da Cotia. Em uma década as cooperativas recuperaram a dinâmica anterior à liquidação. Os descendentes de japoneses também têm forte presença em inúmeras outras cooperativas agropecuárias e nos diversos ramos de atuação do cooperativismo paranaense. É possível comprovar através da relação de associados e dirigentes dessas cooperativas. (Com informações da Revista Paraná Cooperativo e julho/agosto 2006).