LARANJA: Paraná é o que mais cresce em citros
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O setor dos citros vai faturar US$ 2,3 bilhões com a exportação de sucos em 2007, resultado 57% maior que o de 2006, informou ontem a Associação Brasileira de Exportadores de Cítricos (Abecitrus) em seu balanço anual, divulgado em São Paulo. A renda aumentou mesmo com a contínua redução da área de cultivo paulista - o maior pólo produtor do mundo. O crescimento se sustenta no aumento da produtividade nessa região e na expansão dos pomares em estados como o Paraná, disse o presidente da entidade, Ademerval Garcia.
Produção - Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Paraná foi o estado que mais ampliou a produção de citros. Foi comparada a produção anual do triênio 1995/06/07 com a média dos anos 2005/06/07. A produção paranaense subiu 152%, revela a Abecitrus, chegando a 9,6 milhões de caixas. Os quatro estados que mais produzem tiveram crescimento abaixo de 40% no período. São Paulo conseguiu manter a produção e se mantém na dianteira, com 351,7 milhões de caixas/ano. Na seqüência vêm Bahia (21 milhões), Sergipe (18,3) e Minas Gerais (13,8) e, então, o Paraná (9,6).
Crescimento no PR - A área de cultivo de São Paulo caiu de 789 mil para 572 mil hectares nos últimos dez anos (27%). No mesmo período, os pomares do Paraná cresceram de 9 mil para 15,9 mil hectares (76%), dando lastro à expansão dos negócios de indústrias como a Citri (Paranavaí) e a Cocamar (Maringá). Mesmo com a ramificação da produção de laranja e suco, São Paulo ainda concentra cerca de 93% das atividades do setor.
Preços - A alta nos preços internacionais contribui para espalhar os laranjais, afirmou Garcia. Apesar da desvalorização do dólar diante do real, a laranja brasileira ainda é a mais barata do mundo, avaliou. Por sua vez, Garcia disse que o setor precisa crescer para sustentar sua participação de 60% na produção mundial. Além de concorrentes conhecidos, como Estados Unidos e México, a China decidiu disputar espaço no setor, alertou.
Mercado internacional - As exportações de São Paulo, que incluem a produção de indústrias de outros estados que trabalham em parceria com empresas paulistas, aumentaram 34% em dez anos, segundo a associação do setor. A elevação foi de 1,1 milhão para 1,4 milhão de toneladas - equivalente em suco concentrado congelado. As indústrias que não têm ligação com o pólo paulista exportam cerca de 100 mil toneladas ao ano.
Consumo mundial - Diante da estimativa de que o consumo mundial de citros cresce 3,5% ao ano em média, a demanda latina surpreendeu a Abecitrus. "O mercado da América do Sul cresce de 7% a 8% ao ano e o brasileiro, mais de 10%", disse Garcia. Em sua avaliação, esse número mostra a tendência de o consumidor, mais preocupado com a saúde, de substituir o refrigerante pelo suco de frutas e, dessa forma, consumir mais citros. A região é uma alternativa para a indústria exportadora, mas ainda não chega perto dos maiores clientes, que são Europa (896 mil toneladas), Estados Unidos (247), Ásia (104) e China (32). O brasileiro ainda consome pouco suco de frutas, cerca de 6 litros ao ano, metade do consumo per capita de refrigerante
Indústria em ritmo de expansão - A valorização contínua dos citros é uma aposta das empresas que atuam no Paraná. A Agroindustrial Maringá (Cocamar) ampliou seus pomares para que a produção aumente de 3,5 milhões para 5 milhões de caixas de 40,8 quilos. Outro exemplo é a Citri, de Paranavaí, que planeja passar de 2,8 mil para 3,6 mil caixas. As duas empresas pretendem atingir essas metas até 2009.
Clima favorece - O clima mais frio do Paraná favorece a produção de laranjas mais bonitas, mas as indústrias vêm sendo os clientes mais assíduos do fruticultor. No estado, paga-se cerca de R$ 2 a menos por caixa de laranja que em São Paulo, onde a cotação chega a R$ 10. Na avaliação do presidente da associação dos exportadores (Abecitrus), Ademerval Garcia, a desvantagem paranaense é temporária. "Paga-se pouco enquanto não há comprador." Ele avalia que, para a indústria, a manutenção de pomares em diversas regiões é uma estratégia em época de preocupação crescente com doenças como o greening, que chegou ao país em 2004.
Região Nordeste - No entanto, a esperança maior da indústria exportadora de citros está na Região Nordeste. Pesquisas mostram que, com irrigação, é possível produzir no Vale do São Francisco quantidade equivalente à paulista. Ou seja, pode-se praticamente dobrar a produção nacional. No entanto, esse projeto ainda depende de pesquisas e levará pelo menos três décadas para se concretizar, estima Garcia. (Gazeta do Povo)