Leite de cooperativas para o Fome Zero

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O ministro Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano da Silva anunciou hoje (31/07) durante o Seminário "O Futuro do Cooperativismo de Leite", na OCB, a compra de 29 toneladas de leite da Corlac, Central de Cooperativas Riograndense de Laticínios, cooperativa integrada por pequenos produtores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e a primeira a participar do programa especial de compra direta de alimentos de agricultores familiares para o Programa Fome Zero. Na ocasião, o ministro consolidou a parceria com o sistema cooperativista para a compra de alimentos para o programa do ministério. Ele afirmou que o leite é um dos produtos prioritários do programa e a meta é comprar 1 milhão de litros/dia de pequenos produtores dos estados do Nordeste, norte de Minas Gerais e Espírito Santo. "O leite é um produto indispensável para a alimentação humana, além de ser gerador de emprego e renda", declarou Graziano.

Estruturação do setor leiteiro - De acordo com o presidente da OCB/Sescoop, Márcio Lopes de Freitas, o objetivo do seminário é a construção dos primeiros esboços da política estrutural para o cooperativismo leiteiro. "A visão estratégica para o cooperativismo de leite irá abrir as cortinas do futuro". Com esta frase, o presidente da OCB/Sescoop, classificou o sucesso do seminário, que apresentou o primeiro censo das cooperativas de leite, o plano de desenvolvimento estratégico para o setor e contou com a palestra do consultor internacional, Fábio Chaddad, um dos mais renomados especialistas mundiais no assunto. O secretário de Cooperativismo e Associativismo Rural do Ministério da Agricultura, Valdemiro Manoel da Rocha, que representou o ministro Roberto Rodrigues no encontro, destacou a iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na criação do Conselho do Agronegócio e das Câmaras Setoriais que proporcionaram a participação de todos os segmentos da cadeia produtiva. Já o presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), deputado Moacir Micheletto (PMDB/PR), elogiou a iniciativa da OCB na realização do evento e destacou a importância de ações como a Mesa para fortalecer o setor leiteiro do País.

Participantes - O seminário contou com a participação de quase 200 pessoas, que lotaram o auditório da OCB. Representantes e presidentes de cerca de 80 cooperativas de leite de todo o país estavam presentes. O evento contou ainda com a presença de vários parlamentares como o senador Pedro Simon (PMDB/RS) e os deputados Francisco Turra (PP/RS), Leonardo Vilela (PP/GO) e Odacir Zonta (PP/SC). Representantes da Embrapa, do Banco do Brasil, da CNA e da Conab também participaram do seminário. Pela Ocepar este presente o engenheiro agrônomo Flávio Turra, da gerência técnica.

Professor dos eua reforça tendências do cooperativismo - O consultor e professor da Universidade de Washington, EUA, Fábio Chaddad, em sua palestra no seminário da OCB mostrou que existe espaço para as cooperativas de leite atuarem de forma mais expressiva no mercado brasileiro. O professor exemplificou casos de reestruturação de cooperativas de leite por meio de alianças estratégicas com o objetivo de se adaptarem à competitividade do mercado. "Unem-se forças, forma-se o poder de representação do produtor no mercado e na política", afirmou o professor. Conforme ele, as alianças estratégicas permitem novos mecanismos de capitalização das cooperativas e a união de esforços para um objetivo comum. Além disso, exemplifica a tendência do Cooperativismo contemporâneo de formar redes de intercooperação como alternativa para a globalização e as pressões competitivas do mercado.

Fusão de cooperativas -Segundo Chaddad, nos Estados Unidos, 83% do leite é captado e processado por uma única cooperativa. A Dairy Farmer of América (DFA), é resultado da fusão de quatro cooperativas de diferentes estados americanos. "Ao invés de brigar pela comercialização, as cooperativas se uniram", disse. Hoje a DFA é a maior cooperativa de leite do mundo e produz cerca de 21 bilhões de litros por ano. Chaddad traçou um panorama do mercado internacional das cooperativas de lácteos. De acordo com o professor, a União Européia irá unificar as leis cooperativistas permitindo a união de cooperativas de países diferentes. A tendência, segundo ele, é que se formem "megacooperativas" na região. Já o professor do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Paulo Martins, complementou a palestra de Chaddad apresentando um histórico do mercado de lácteos no Brasil e no mundo. Ele abordou os problemas de competitividade do setor que no mercado externo seria o crédito escasso e no ambiente interno a falta de economia de escala das cooperativas de leite.

Plano de desenvolvimento - A segunda parte do seminário apresentou a proposta elaborada em conjunto pela OCB e CBCL de um Plano de Desenvolvimento Estratégico para as cooperativas de leite. "Com base em pesquisa realizada durante o primeiro semestre deste ano em 288 cooperativas de laticínios, o estudo revela a visão a longo prazo do negócio para as cooperativas e um plano de gerenciamento por diretrizes", explicou o coordenador da Câmara Temática de Leite da OCB, Jacques Gontijo. De acordo com a proposta, a visão que norteia as tendências futuras para o cooperativismo leiteiro aponta para a melhor remuneração aos produtores e aumento da produção cooperativada. Segundo Gontijo, a formação de redes de negócios permitirá a interação nas vendas de laticínios e maior poder de barganha na compra de insumos para as cooperativas do segmento.

Ambiente externo - O coordenador disse ainda que a proposta levou em consideração uma análise dos ambientes externo e interno das cooperativas de laticínios e a partir daí foram traçadas as oportunidades e ameaças para o segmento. O plano define três objetivos principais para as cooperativas nos próximos anos: aumentar a participação no mercado brasileiro; aumentar o volume de exportações e agregar valor ao leite.
O plano propõe também a criação de índices e indicadores de mercado para orientar as cooperativas e engloba um conjunto de políticas e ações que visam à reestruturação interna e expansão do setor leiteiro. Entre elas, a inclusão do leite e seus derivados na política de segurança alimentar do país (Programa Fome Zero); Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM); melhoria da qualidade da produção de leite dos pequenos produtores e regulamentação da legislação para a produção de leite modificado. O presidente da OCB encerrou os debates dizendo que a entidade está comprometida com os interesses cooperativistas e abre espaço para diálogos e discussões relevantes ao sistema.

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