Logística para transporte da safra no Paraná preocupa Furlan
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"O produtor está pagando pela ineficiência do sistema". Esta afirmação foi feita na noite desta segunda-feira (8), pelo ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, durante palestra na sede da Fiep, quando reconheceu que o País não estava preparado para receber recordes sucessivos de safra e para aumentar suas exportações de cargas gerais, "o desafio não será produzir nem vender, mas entregar. O produtor está pagando pela ineficiência do sistema", lembrou. A palestra do ministro foi atentamente acompanhada por uma platéia composta por empresários paranaenses, entre os quais os diretores do Sistema Ocepar, Luis Lourenço (Cocamar), Dilvo Grolli (Coopavel), Luiz Roberto Baggio (Bom Jesus), Sérgio Luiz Panceri (Coamo) e pelo superintendente Nelson Costa. Segundo Furlan, na atual safra, só podem ser tomadas medidas emergenciais, preparando para investimentos mais expressivos na próxima colheita.
Visita a Paranaguá - Com o objetivo de ter uma visão mais ampliada sobre as possíveis dificuldades para o escoamento da safra, Furlan visitará nesta terça-feira (9) o Porto de Paranaguá quando manterá contatos com a direção da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e com empresários que atuam no porto. Segundo ele, "Paranaguá é um porto estratégico, o maior escoador da safra de grãos. Nossa preocupação é que opere com eficiência." Segundo Furlan, esta visita foi sugerida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dos gargalos do escoamento de grãos é a proibição do governo estadual de exportar produtos transgênicos por Paranaguá. "Há uma preocupação que a proibição faça o ritmo de escoamento ficar mais lento". O ministro não esclareceu se o governo federal pretende interferir de alguma forma no porto, mas lembrou que há sugestões do setor privado para flexibilizar as normas relativas ao embarque de transgênicos. "O setor privado coloca ponderações de que o governo estadual poderia adotar margens de tolerância semelhantes às da União Européia, que admite até 0,9% de transgênicos", disse.
Propostas - Aproveitando a passagem do ministro por Curitiba, o presidente da Fiep, Rodrigo Costa da Rocha Loures, fez a entrega, em nome das entidades Ocepar, Faep, Fecomércio, Fiep, Faciap, Fetranspar, IBQP e Associação Comercial do Paraná (ACP) uma pauta com diversas reivindicações, principalmente no que tange ao agronegócio. Segundo o documento a nova política industrial será extremamente importante nos próximos anos, pois irá demandar um grande esforço de engenharia institucional e financeira do setor público, que se concretizará, para poder sair do papel e virar realidade, em novas instituições, programas de governo, instrumentos financeiros e de fomento a inúmeras atividades privadas e públicas. Nesse sentido, a discussão das prioridades horizontais e setoriais da nova política é um assunto extremamente importante e terá impacto duradouro por muitos anos. Segundo o presidente da Fiep, "no caso específico do agronegócio brasileiro, algumas atividades devem ser sinalizadas dentro destas prioridades por várias razões, sendo a principal decorrente de que apesar de ser competitivo, em muitos de seus segmentos, ele estará submetido a pressões e movimentos concorrências fortes e precisará, exatamente por isso, sustentar essa competitividade de forma duradoura", ressaltou Rocha Loures.
Dificuldades - No documento entregue a Furlan os empresários manifestam exemplos de dificuldades recentes, como a desastrosa concorrência recente com a produção de café do Vietnã e as dificuldades em estruturar-se para alcançar mercados de maior valor e possuir marcas capazes de elevar o valor da produção brasileira revela que é preciso trabalho permanente e sustentado para alcançar esses resultados;
Algodão - A reestruturação da produção algodoeira recente, que nos fez perder mercado e nos tornou importadores líquidos, fato que só muito recentemente foi revertido pela ação do MAAP e da Embrapa, e que cria agora possibilidades positivas para a produção local é outro exemplo da necessidade de atenção redobrada para esta área; a situação da indústria cacaueira revela outra dificuldade grande em se estruturar em bases competitivas; A agricultura irrigada também revela os mesmos problemas e mostra que estes segmentos precisam de atenção redobrada e deveriam estar entre nossas prioridades.
Competitividade - O documento ainda ressalta que estes exemplos são fundamentais para entender que o agronegócio brasileiro é competitivo, mas esta competitividade não é eterna e está sujeita a inúmeros contratempos, como novos produtores, novas e mais eficientes variedades ou inovações tecnológicas, que modificam de forma rápida as condições de mercado. Assim, o agronegócio, ou cadeias selecionadas do agronegócio, tem de ser claramente indicadas nas prioridades, para que os esforços institucionais concentrados nessa política assegurem a manutenção e elevação da competitividade dessas atividades.
Agronegócio - Parte fundamental da condição de competitividade do agronegócio se situa fora da propriedade agrícola, na cadeia produtiva do setor, em embalagens, logística, comercialização, processamento etc. Para ser competitivo e agregar valor é preciso, cuidar de todos esses elos da cadeia, pois o agronegócio não é apenas agricultura e pecuária estrito senso, mas um complexo de atividades que tem características de qualquer cadeia produtiva industrial; a inovação em processos, produtos e em tecnologias é decisiva para o sucesso do agronegócio, e nesse sentido a ênfase da nova política precisa contaminar e beneficiar as ações voltadas para este setor;
Biotecnologia - os avanços na área de biotecnologia e sua importância central para a competitividade brasileira nos próximos anos, exige uma atenção específica para essa questão na política industrial, com grande ênfase para as aplicações na agroindústria, pois os avanços serão muito rápidos e podem por em cheque nossos acessos a mercados: novas variedades, novos problemas fitosanitários, OGM, são imperativos da nova agricultura;
Bens de capital - O agronegócio brasileiro é a base para muitas ações da política industrial que podem ter grande sucesso no futuro próximo, pois cria um grande mercado para bens mais intensivos em tecnologia e escala para operar em termos mundiais. Vale prestar atenção para o setor de Bens de Capital voltado para o agronegócio, que pode exportar de forma significativa, porque conta com a demanda doméstica. Se esta demanda doméstica for incentivada pela modernização do agronegócio, será mais fácil ganhar escala para operar em termos mundiais. O mesmo vale para a biotecnologia pois as novas vacinas, kits de diagnósticos, etc. que tem sido objeto da pesquisa brasileira viabilizam um grande mercado para a nossa indústria e permitem que esta se volte ao mercado internacional;
Certificação - As novas barreiras ao comércio - certificação, qualidade, normas sanitárias e ambientais - impõem a estruturação de uma rede de serviços tecnológicos e de apoio a inovação que é diretamente associada a uma política industrial, pois está muito mais próxima da estrutura metrológica do país, do que do estabelecimento agrícola propriamente dito.
Conclusão
- O documento, assinado pelo presidente da Fiep encerra lembrando ao ministro
Furlan que é preciso constatar que a renovação institucional
e instrumental possibilitada pela discussão da nova política industrial
deve ajudar a contaminar o setor agropecuário com uma renovação
interna positiva, fortalecendo o sistema Embrapa e suas ramificações,
bem como viabilizando ações estruturantes para o setor. Estar
fora dessa prioridade dificultará se beneficiar desse ambiente novo e
de seus novos instrumentos.