MANEJO INTEGRADO: Programa de Controle de Pragas vai reduzir uso de agrotóxicos no PR
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A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) vai realizar um amplo programa de Manejo Integrado de Pragas no Paraná já a partir da próxima safra de verão, cujo plantio começam em agosto. O objetivo é reduzir em 30% o número de aplicações de herbicidas nas lavouras num prazo de quatro a cinco anos. A preocupação é estancar a aplicação excessiva de agrotóxicos nas lavouras, procedimento que futuramente poderá ser apresentado como barreira sanitária aos produtos produzidos no Paraná.
Marca Qualidade Paraná - De acordo com o secretário Valter Bianchini, a Seab pretende incentivar a redução do uso de agrotóxicos para elevar a marca Qualidade Paraná. "Queremos evitar a devolução, por parte de outros países, de mercadorias com a justificativa de excesso de resíduos de agrotóxicos nos produtos", explicou. A meta inicial é conter o uso de inseticidas nas lavouras de soja, milho e trigo, que ocupam o mesmo espaço geográfico no Estado. "Mas nada impede que os procedimentos sejam adotados em outras culturas", diz o engenheiro agrônomo e entomologista da Emater-PR, Lauro Morales.
Meio ambiente - Os inseticidas são os produtos mais agressivos ao meio ambiente e são aqueles que causam maior número de acidentes com mortes. São considerados nocivos aos seres vivos porque ataca o sistema nervoso dos insetos e também do homem e dos animais. De acordo com Morales, o volume de inseticidas que está sendo usado nas lavouras de soja, milho e trigo daria para fazer 1,6 aplicações em todo o território paranaense, que abrange 20 milhões de hectares.
Aumento - No Paraná a aplicação de inseticidas aumentou 87% em nove anos, passando de 2,14 aplicações em média para quatro aplicações, ou seja, quase 10% ao ano nos últimos anos. Essa aplicação excessiva tem impactos negativos no ambiente como solo, água e ar. Os produtores ficam expostos à ação nociva desses produtos, aumentando o número de intoxicações e o risco de resíduos nos produtos é maior, o que prejudica a comercialização dos produtos, explica Morales.
Encontros regionais - Inicialmente a Seab irá coordenar a realização de encontros regionais para apresentação da proposta de redução do uso de agrotóxicos a todas as instituições ligadas a agricultura. O projeto que visa a conscientização do agricultor foi elaborada em parceria com a Embrapa, Iapar, Emater e Ocepar e outras entidades ligadas ao setor e será apresentada em seis regiões do Estado: Maringá, Campo Mourão, Cascavel, Londrina, Guarapuava e Ponta Grossa.
Controle biológico - A Seab pretende voltar a incentivar o controle biológico e o uso de produtos mais seletivos. "Propomos a racionalização na hora de aplicar os agrotóxicos e também a revisão das recomendações atuais quanto ao tipo de produtos", explica Morales. Segundo ele, a proposta visa recomendar o uso de produtos menos agressivos ao meio ambiente. "O grande problema dos produtos mais agressivos é que eles provocam problemas neurotóxicos nas pragas mas também nos homens e animais", diz o técnico. Para isso, a Seab quer envolver nesse movimento também os profissionais técnicos que recomendam os produtos. "Muitas vezes é inevitável recomendar produtos mais tóxicos. Por isso, será necessário fazer um monitoramento e aplicar o produto somente quando o ataque de pragas for provocar danos às lavouras", diz Morales.
Maringá - A aplicação prática dessa proposta em todo o Estado será definida nos seis encontros regionais já marcados, onde haverá a formação de uma rede de assistência técnica. O primeiro deles vai acontecer nesta quinta-feira (19/06) em Maringá. A Seab irá recrutar de oito a 10 técnicos em cada reunião das instituições parceiras como cooperativas, sindicatos, Emater e outras, totalizando 60 técnicos que serão treinados como especialistas. Esses técnicos irão treinar outros oito ou 10 técnicos no campo. A previsão é ter cerca de 400 a 500 técnicos treinados no período de um ano que, por sua vez, irão treinar os produtores "Esperamos contar com 10 mil produtores já treinados e que sejam referência em suas regiões para reduzir a aplicação de agrotóxicos na próxima safra de verão", calcula Morales. (AEN)