MILHO: Preço do milho atinge patamar recorde
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Clima favorável, safra boa e preços razoáveis. As commodities agrícolas estão em um bom momento, puxadas pela demanda da agroenergia e pelos altos preços do petróleo. Depois de o trigo atingir cotações históricas, agora é a vez do milho. Em plena safrinha, os preços atingiram patamares recordes -os mais altos desde 2002 - ultrapassando em algumas praças paranaenses a casa dos R$ 27 a saca de 60 quilos. A notícia ainda melhor é que o grão deve continuar com bons preços até 2009.
Bionergia e soja - Segundo o consultor Paulo Molinari, da Agência Safras e Mercados de Curitiba, a demanda da bioenergia deveria levar os Estados Unidos a continuar aumentando a área de milho. No entanto, aí entra um outro fator: o elevado preço da soja na Bolsa de Chicago. A cotação da oleaginosa está perto de US$ 10 por bushel, enquanto o preço do milho tem variado entre US$ 3,60 e US$ 3,70 por bushel. Molinari esteve em Londrina nesta semana para ministrar palestra sobre o mercado de milho, em evento promovido pela Corretora Gradual e pela Syngenta.
Tendência - ''Esses valores (da soja e do milho) dão uma relação de troca bem acima dos dois para um. Então, a tendência é que os americanos aumentem de novo a área de soja, o que acarreta em redução de área do milho'', explicou o consultor. Por isso, na sua avaliação, a estimativa é que a cotação da soja também permaneça em patamares altos até meados do próximo ano, quando a safra americana for confirmada. ''Se a próxima safra de milho vai reduzir área, a produção será reduzida e, conseqüentemente, o estoque final 2008/09 de milho vai cair. Isso vai exigir que em 2009 essa área que foi para a soja volte para o milho'', analisou.
Europa - Mas no curto prazo o fator prioritário para os produtores nacionais é a quebra de safra na Europa. ''Os europeus passaram a importar o milho brasileiro, não transgênico. Daqui até julho, os produtores serão beneficiados pela quebra de safra da Europa. A demanda do etanol nos Estados Unidos não é nova e com a alta do preço do petróleo a demanda para a bioenergia e para o etanol vai continuar muito alta'', salientou o consultor. A demanda européia pelo milho brasileiro vem ocorrendo desde o início do mês passado, quando foi confirmada redução forte na produção.
Ágio sobre o milho - ''Estávamos com R$ 19 (preço da saca de 60 quilos de milho) no Porto de Paranaguá, chegamos a R$ 27,50 e, atualmente, estamos na casa dos R$ 26. Caiu um pouco mas ainda é um preço absurdamente alto. O mercado está digerindo só agora a quebra de safra e ainda a Europa está pagando um ágio de US$ 100 sobre o milho americano porque o milho nacional é não transgênico'', informou ele. Esta grande demanda pode levar o Brasil a enfrentar problemas de abastecimento de milho caso as exportações superem as 10 milhões de toneladas até janeiro. ''Esse quadro ainda deixa o primeiro trimestre de 2008 bem nervoso, bem especulativo, dependendo da entrega do milho novo'', argumentou Molinari. Apesar disso, ele recomenda comercializar agora os produtos. (Folha de Londrina)