OPINIÃO: A boa conservação do solo agrícola

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O plantio direto é determinante para a preservação da qualidade da terra e da boa conservação do solo agrícola.

O combate à erosão das terras paranaenses foi uma luta do passado, e não foi fácil consolidar a mentalidade da conservação, inicialmente pelo sistema de plantio em curva de nível e pelas microbacias. Hoje as práticas conservacionistas são rotineiras e compreendem muitas medidas. Um delas o sistema de plantio direto, implantado há cerca de 30 anos em Rolândia e hoje aplicado em 80% da área plantada com grãos, no Paraná, o que faz do solo paranaense um dos mais bem conservados do Brasil. Essa tecnologia é determinante para a qualidade da terra.

O plantio direto, lançado pelo agricultor Herbert Bartz, tem hoje o aval do Instituto Agronômico do Paraná, instituição grandemente responsável por avanços na agricultura e pela sedimentação de políticas de conservação do solo. O plantio direto na palhada impede as queimadas, possibilita que resíduos orgânicos de cultivos anteriores permaneçam no solo e mantém a umidade se utilizadas plantas de cobertura. O sistema tradicional ainda é mantido por muitos agricultores, mas provoca erosão, por causa da aração, e assim partículas minerais do solo são levadas pela enxurrada.

Esse ranking de solo bem conservado é uma das virtudes da infra-estrutura agrícola do Paraná, o que se deve não apenas ao plantio direto mas a outras práticas pertinentes, como as curvas de nível, a rotação das culturas e a integração com a pecuária. Tudo isso associa-se às demais tecnologias, que aumentam a produtividade e rendem mais ganhos para o agricultor e o pecuarista.

As regiões de Guarapuava e Ponta Grossa são onde o plantio direto é mais adotado. Porque ''os produtores são mais organizados e desenvolvem atividades comuns, que estimulam esse sistema de cultivo'', declara Antonio Costa, pesquisador do Instituto Agronômico na área de solos. No Oeste a prática abrange 60% da área cultivada, mas é referência nacional, porque o solo é arenoso e o relevo tem declividade suave, menos sujeito à erosão. No Norte o plantio direto é de 50%.

A extensão agrícola do Paraná chegou ao limite e não irá avançar mais, ou avançará pouco, porque todo o solo propício ao plantio e às pastagens já está ocupado. Por isso é preciso preservar a riqueza representada por esse território tão dadivoso, que propicia safras fenomenais e excelente desempenho da pecuária, em seus vários segmentos, e paralelamente o desenvolvimento da agroindústria. Mas no âmbito dessa limitação física entra a tecnologia, que aumenta o volume dos resultados.

Mas a política conservacionista não chegou ao seu ponto máximo e ainda há o que fazer. Solos degradados podem ser recuperados, naturalmente dependendo da conscientização dos seus proprietários. Outra das práticas é a utilização de vegetação espontânea enquanto o solo descansa. O valor das terras e a rentabilidade que elas proporcionam, embora os tantos percalços das políticas públicas, não permitem descuidos e desperdícios.

 

Editorial Folha de Londrina

Publicado na edição do dia 16 de novembro de 2007

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