OPINIÃO: A sociedade urbana e a contribuição do agronegócio

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* Dilceu Sperafico

Quantos cidadãos e cidadãs de Toledo, o maior produtor agropecuário do Paraná e do Sul do País, estão bem informados da efetiva participação do agronegócio no processo de desenvolvimento econômico e humano do município? Nem todos, infelizmente. Os plantéis de suínos e frangos e sua proporção em relação à população humana, bem como o volume de produção de leite e grãos do município, igualmente são números desconhecidos de boa parcela dos moradores da cidade.

Mesmo sendo o principal gerador de emprego, renda, estabilidade social, excedentes exportáveis e superávits na balança comercial do País, o agronegócio não tem sua importância reconhecida por muitos brasileiros, inclusive de municípios essencialmente agrícolas, que são a maioria das cidades do interior do Paraná e do Brasil.

Por mais contraditório que pareça, mesmo pessoas que conhecem de perto a realidade do campo, de cidades que dependem da agricultura até mesmo para manter as atividades urbanas, em muitos casos vêm o agronegócio com desconfiança, na melhor das hipóteses.

Muitas vezes, repercutindo o discurso radical de ONGs e movimentos a serviço de concorrentes internacionais, se deixam influenciar por manifestações massivas e repetitivas nos meios de comunicação, nas quais o agronegócio é sempre associado ao mal e os ambientalistas de gabinetes acarpetados simbolizam todo o bem do planeta.

Ao constatar esse lamentável desconhecimento, para não dizer alienação, precisamos reconhecer que nos falta muito das estratégias e do trabalho de divulgação realizado por produtores rurais de outros países, junto a consumidores e população em geral. 

Nos Estados Unidos, por exemplo, associações, sindicatos e federações de agricultores costumam promover feiras em escolas, para mostrar às crianças e comunidade a qualidade dos alimentos que produzem, as belezas do campo e as dificuldades da atividade rural.

Com isso, conquistam a simpatia e apoio da população urbana em suas demandas políticas, o que é sempre decisivo no atendimento de reivindicações encaminhadas aos poderes constituídos.

Não por acaso, portanto, enquanto produtores brasileiros são penalizados com os juros e tributos mais elevados do planeta, os agricultores norte-americanos recebem subsídios e incentivos fiscais do governo.

Os moradores e líderes de regiões produtoras, como são toledanos, oestinos e paranaenses, em defesa de seus próprios interesses, precisam conhecer melhor o conjunto de cadeias produtivas que formam o agronegócio, este enorme e essencial segmento da economia brasileira.

Como concluiu o Congresso Nacional de Gestão do Agronegócio (AgroGestão 2010), realizado em Chapecó, Santa Catarina, no mês de março, apesar de seu gigantismo, o setor primário nacional sofre muitos males, além de oscilações de mercado, adversidades climáticas e falta de apoio governamental.

Entre essas carências do produtor, estão desde a baixa autoestima, pela falta de reconhecimento público à importância de sua atividade, produzindo alimentos de qualidade, abundantes e baratos, até as deficiências na organização classista e falta de maior agressividade comercial e institucional.

São distorções como essas que muitas vezes dificultam o nosso trabalho de defender o homem do campo, na atividade parlamentar, negociações com os governantes e diálogos com a sociedade sobre as grandes questões nacionais.

* O autor é deputado federal pelo Paraná - e-mail: Este endereço para e-mail está protegido contra spambots. Você precisa habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

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