OPINIÃO: O fim da era dos alimentos baratos

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Luiz Lourenço (*)

Pelo que a maioria das pessoas consegue lembrar, os alimentos estão ficando mais baratos. Entre 1974 e 2005, os preços dos alimentos nos mercados mundiais caíram 75% em termos reais. No entanto, a partir de 2007, eles começaram a subir de forma extraordinária. Nos últimos 12 meses, o trigo subiu 84%, a soja 72%, o milho 15%, o café 4,8%, o boi 35% e o frango 34%.

Enquanto os preços de outras commodites, como o petróleo, flertam há alguns meses com seus recordes históricos em valores corrigidos pela inflação em dólar, as commodities agrícolas têm espaço para subir antes de chegar a esse ponto. Essas commodities, é claro, tendem a ter um impacto humano mais direto do que petróleo ou aço. Os cereais estão sendo negociados em seus recordes históricos, ou perto deles, em parte por causa de uma mistura do aumento da demanda para fazer etanol, problemas climáticos em países produtores ou movimento asiático de compra de grandes volumes. O dólar fraco ajudou na alta internacional do arroz, já que a maior parte deles é comercializada em dólar. Na Tailândia, maior exportador do mundo, o preço do arroz de grão tem disparado.

Tudo isso reduziu os estoques globais de cereais para um nível que não se via há décadas. O estoque de trigo está no seu nível mais baixo em 60 anos. O de arroz, o menor em 24 anos. O de soja, igualmente baixo e por aí afora.

A alta do custo dos alimentos tende a atingir as pessoas nos países pobres com mais força do que nos desenvolvidos, porque aqueles gastam fatia maior da renda domiciliar com produtos alimentícios. Nos EUA, a alimentação representa 18% da cesta de produtos usada para o cálculo da inflação, ante até 40% em algumas economias emergentes, conforme relatório do Deutsche Bank.

(*) Presidente da Cocamar Cooperativa Agroindustrial

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